Por Flávio Dino
Uma pesquisa Confederação Nacional de Transportes (CNT) divulgada no final do ano passado colocou o Maranhão entre os estados com indicadores muito negativos na área de infra-estrutura de suas estradas. Os números revelam que a malha rodoviária do estado está em condições precárias. São 330 quilômetros de buracos, 26 quilômetros de rodovias completamente destruídas e mais de 1.000 quilômetros sem placas de sinalização. O relatório classificou 20,3% das rodovias que cortam o Maranhão como ruins e 10,1% como péssimas, o que coloca o nosso estado em 13º no ranking das piores rodovias do país. O cenário é preocupante e serve de alerta para os gestores públicos.
A preocupação em relação aos dados citados aumenta considerando que o período chuvoso em nosso estado se aproxima. Quem não se lembra das chuvas que caíram no Maranhão no primeiro semestre deste ano, que provocaram o corte de estradas, isolaram cidades e deixaram um rastro de destruição? Para que esse triste quadro não se repita quando o inverno chegar são necessárias ações imediatas. A pesquisa da CNT é um bom parâmetro para nossas autoridades públicas federais e estaduais.
Além de preparar a malha rodoviária maranhense para o período chuvoso, outra ação se faz necessária. É a duplicação das rodovias federais que cortam o estado. Segundo o mesmo estudo, apenas 0,1% de toda a extensão das estradas no Maranhão são duplicadas. Mais um dado que serve de alerta, especialmente em relação à BR 135, cuja duplicação é urgente. A BR 135, classificada como regular, é a via de acesso à nossa capital e deve ter o tráfego de veículos imensamente aumentado em razão das obras de construção da Refinaria Premium, um dos maiores empreendimentos da história da Petrobras a ser abrigado no município de Bacabeira. Quanto ao trecho da BR 135 localizado em nossa Ilha, o correto seria a prefeitura de São Luís assumir um papel mais ativo, em respeito aos milhares de moradores de nossa zona rural, inclusive buscando a celebração de convênio de cooperação específico.
A pesquisa da CNT apontou, ainda, que a sinalização precária é outro problema nas estradas do nosso estado. De acordo com o estudo, 1094 km não têm qualquer tipo de sinalização. Um problema que coloca em risco milhares de motoristas e passageiros, obrigados a circular por vias sem qualquer tipo de orientação, o que provoca acidentes, mortes, sofrimento, prejuízos materiais.
Esse conjunto de problemas apontados pela CNT, revelador do quão deficiente é a nossa malha rodoviária, acarreta outro problema: o aumento do custo de transporte de cargas. Segundo a própria Confederação, em alguns casos as péssimas condições das estradas elevam em até 28% o custo do transporte, que acaba sendo repassado para os consumidores. Além disso, os produtores rurais são extremamente prejudicados, na medida em que não conseguem condições para comercializarem os seus produtos com rapidez e baixo custo. Como se observa, a má conservação nas estradas tem reflexo em toda a economia do nosso estado.
O estudo analisou também as rodovias estaduais e mais indicadores negativos foram apontados. Das dez estradas estaduais maranhenses pesquisadas, todas foram classificadas entre ruins, péssimas ou regulares. A CNT utilizou, como critério de sua análise, os trechos de maior fluxo de cargas e passageiros e a ligação com importantes rodovias federais. A pesquisa considerou que a MA-006 é a pior do estado. A CNT pesquisou 468 km da rodovia, avaliados como péssimos.
Governar exige ações transformadoras, de modo planejado. Isso não é possível sem a análise de dados como os que emergem do estudo da CNT, utilizando-os como guias para a tomada de decisões estratégicas e táticas. Não podemos falar em crescimento econômico contínuo sem investimentos em transportes, o que, no caso brasileiro, ainda significa prioritariamente o transporte rodoviário. Daí a grande relevância do tema abordado.
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