Do jornal pequeno
Neste momento, na qualidade de maranhense que sou, sinto-me como um mineiro soterrado a profundidades que nem as tecnologias modernas conseguem alcançar. Ela declarou ter gasto R$ 24 milhões em sua campanha, 8 vezes mais que o segundo colocado, deputado Flávio Dino, 28 vezes mais que o terceiro, o Dr. Jackson Lago e oito vezes mais que ela mesma em 2006. Cinco vezes mais que o prêmio acumulado da mega-sena desta semana.
Só isso?
E o Ministério Público Eleitoral sequer sugere que possa ter havido abuso de poder econômico nestas eleições, que o resultado do pleito possa ter sido alterado pela via da corrupção eleitoral.
Desde que li essa notícia fui atacado de uma estranha síndrome, a Síndrome do Tio Patinhas. Para onde olho, só vejo dinheiro. Tem dinheiro na tela do computador, tem dinheiro no guarda-roupa, tem dinheiro no meu lanche, no espelho. Tem dinheiro até na minha conta! Até o papel higiênico eu confundo com dinheiro!
Eu sou maranhense e, como bom maranhense, desde que li esta cifra estou tendo convulsões. Tenho convulsões quando alguém me pede esmola, quando me cobram pelo estacionamento ou pago a passagem de ônibus, quando me dão troco em moedas de bronze e calculo o atraso das prestações.
Infeliz vida de mineiro! Como não cansa de repetir o personagem do Zorra Total “EU VOU VOLTAR PRO BURACO”.
Eu vou voltar pro buraco para não mais me incomodar com pagamentos de contas de água e energia elétrica, para não reclamar mais do preço da carne, para não sentir falta do dinheiro dos colégios e faculdades dos filhos, para não ter que pagar plano de saúde e conta de hospital.
Eu vou voltar pro buraco onde os morcegos sugam menos, os ratos são menos gananciosos, os porcos-espinhos não “furam” tanto e não há tantos escorpiões.
Eu vou voltar pro buraco. Para não mais temer as cascáveis e as jibóias, as caninanas, tarântulas e piolhos de cobra e todos esses bichos que aqui se arrastam na lama da corrupção.
Eu vou voltar pro buraco. Se quiser, venha comigo, pois está escrito na Bíblia deste parnaso de imbecis que idiotas e otários como nós não merecem ver a luz do sol.
Eu vou voltar pro buraco. Difícil, se não há buraco maior que esse infeliz buraco chamado Maranhão. (JM Cunha Santos)
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