Por Oswaldo Viviani (JP)
O gestor de Saúde de São Luís, Fábio Câmara – ligado ao deputado estadual reeleito Ricardo Murad (PMDB) –, foi intimado pela Polícia Federal para depor no caso das contas de luz e água pagas antes das recentes eleições no Maranhão, supostamente em troca de votos. O delegado federal que cuida do caso, Rodrigo Correia, disse ao Jornal Pequeno que Fábio não atendeu à primeira convocação, no início deste mês, alegando, por meio de seu advogado, estar viajando. “Ele será novamente intimado”, afirmou Correia.
A PF quer saber qual a ligação de Câmara com o suspeito de pagar as contas, identificado como Bruno. Ele teria recolhido as contas em vários bairros de São Luís, como Centro, Lira, Coreia, Codozinho e Retiro Natal, entre outros. Uma lotérica de São Luís recebeu, em apenas dois dias, pagamentos de R$ 29 mil. No dia 16 de setembro, foram pagas 80 contas, e no dia 28, mais 270.
A PF tem imagens de Bruno, gravadas pelas câmeras instaladas no escritório da lotérica. Fábio Câmara já disse ao JP por telefone, há cerca de um mês, que não conhece “nenhum Bruno”.
O delegado Rodrigo Correia informou ao JP que solicitou ao Ministério Público Eleitoral mais prazo para terminar as investigações. O pedido já está nas mãos da procuradora eleitoral Carolina da Hora Mesquita Höhn – autora do pedido de investigação à PF –, que garantiu que as apurações sobre esta e outras denúncias de supostos crimes eleitorais cometidos nas eleições do Maranhão serão concluídas até dezembro.
Acusados não comparecem à PF
De acordo com o delegado Correia, assim como Fábio Câmara, várias outras pessoas intimadas para depor sobre o caso das contas não compareceram à PF.
Já prestaram depoimento, segundo o delegado, o dono da lotérica e Lucilene Pires de Moraes. Ligada a Fábio Câmara, Lucilene teve contas de luz da entidade assistencial em que atua pagas pelo esquema suspeito. Trata-se da Associação Assistencial ao Menor Carente Livramento, que tem sede no Rio dos Cachorros (Rua Principal, 113).
O delegado Rodrigo Correia informou que Lucilene admitiu, em seu depoimento, conhecer Bruno, e que aceitou o pagamento das contas como um “empréstimo”, sendo que posteriormente arrecadaria dinheiro na comunidade para restituir o dinheiro ao rapaz.
O valor total envolvido na transação não foi informado, mas a presidente da entidade, Arnaliz Pires Fonseca, disse ao JP que a associação consome perto de R$ 200 mensais de energia elétrica.
Lucilene, segundo Arnaliz, é ligada a Roseana Sarney (PMDB) e Ricardo Murad e fez campanha para eles nas recentes eleições.
Além de gestor de Saúde em São Luís, Fábio Rogério Barbosa Câmara, 38 anos, é suplente de vereador na capital pelo PMDB. Teve pouco mais de 4 mil votos na eleição de 2008.
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