Do jornal pequeno
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
Em Fronteira dos  Vales, no Vale do Mucuri, em Minas Gerais, Francisco Alves (PSDB) usou  dinheiro público para promover um churrascão antes das eleições com  direito a quatro bois. No sudoeste da Bahia, em Jussiape, Vagner Neves  Freitas (PTB) foi algemado e preso depois de um ataque de fúria contra o  vice-governador do estado. Em Ipixuna, no Pará, Edvaldo Cunha (PT)  distribuiu cheques da municipalidade para pagar cabos eleitorais.
Vagno Pereira, o Banga (PSB), sacou na boca do caixa e extraviou  milhões de reais dos moradores de Serrano do Maranhão, a 460 km de São  Luís. O que esses políticos têm em comum? Eleitos para administrar as  finanças de suas cidades, eles são alguns exemplos de prefeitos que  perderam o cargo. Desde a eleição de 2008 para cá, pelo menos 100 já  tiveram o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A  maioria das investigações aponta pelos crimes de compra de voto e abuso  de poder econômico.
Mas o quadro pode ser bem mais grave, se  forem levados em consideração os casos frequentes de prefeitos que  viraram alvo de processo de cassação nos quatro cantos do país. Embora  seja movido pelas câmaras de vereadores, com base na legislação vigente,  esse contingente é desconhecido. Trata-se de um verdadeiro buraco na  contabilidade do TSE e de órgãos como a Associação Brasileira de Câmaras  Municipais (Abracam), a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e o  Ministério Público (MP). “É um dado complexo, porque as câmaras  municipais não nos informam o número de prefeitos cassados”, alega  Rogério Rodrigues da Silva, presidente da Abracam e ex-vereador da  cidade mineira de Coromandel, no Alto Paranaíba.
Nos casos de  cassação pelos vereadores, vários processos instaurados têm como pano de  fundo rixas políticas locais. Sem influência sobre o Legislativo, os  prefeitos perdem o cargo por questões administrativas consideradas  banais e sanáveis. Indignados com esse tipo de desfecho, eles entopem o  Poder Judiciário com uma enxurrada de recursos na tentativa de voltar ao  poder. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou não ter  levantamento de prefeitos depostos por vereadores, pois o sistema de  consulta é restrito ao número de processo ou ao nome das partes  envolvidas.
Estado com maior número de municípios – 853 ao todo  –, Minas também lidera com folga o ranking das cassações do TSE, com 21  prefeitos fora das vagas que conquistaram nas urnas em 2008. O  desembargador Kildare Gonçalves Carvalho, presidente do Tribunal  Regional Eleitoral (TRE), diz que o número de afastados reflete o rigor  das apurações.
Rapidez – O magistrado atribui as cassações à  significativa quantidade de cidades no estado, à celeridade das  apurações dos processos e, principalmente, ao leque de opções de linhas  de investigação proporcionado pela legislação eleitoral. “Não é um  número desprezível. Estamos dentro da normalidade se for levado em  consideração o baixo percentual em comparação com o número de cidades”,  avalia.
Pela legislação, em caso de cassação, os votos dados ao  vencedor são anulados. Sendo assim, se o candidato conquistou mais de  50% dos votos válidos no primeiro turno, são convocadas novas eleições.  Foi justamente isso que ocorreu em cidades mineiras, onde 20 eleições  fora de época já foram realizadas em virtude de prefeitos que perderam o  cargo. Além dessas, a população de Campo Florido, no Triângulo Mineiro,  terá de voltar às urnas em 5 de dezembro para escolher o novo  governante colocando um ponto final na crise política do município.
Propina – Oferta de pneu de moto, máquina de costura, sacos de cimento,  tijolos e tratamento dentário. São algumas das benesses oferecidas em  troca de voto na disputa pela Prefeitura de Dom Expedido Lopes,  cidadezinha com pouco mais de 7 mil habitantes, no Piauí. Lá, os  eleitores voltaram às urnas ontem para decidir a eleição de 2008.
Em agosto, o então titular do cargo, Benedito Dantas Neto, o Bené  (PTB), foi cassado sob a acusação de compra de voto e abuso de poder.  Nem por isso Bené se afastou da prefeitura. Com uma canetada do  prefeito-tampão Luiz Gonzaga de Sousa (PCdoB), Bené foi nomeado poucos  dias depois de perder o mandato para o posto de secretário de  Administração.
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