domingo, 10 de abril de 2011

Primeiros cem dias são marcados por calmaria na política e tensão na economia

GUSTAVO PATU
SIMONE IGLESIAS
DE BRASÍLIA

Dilma 100 diasEconomista e tecnocrata experiente, candidata de uma única eleição, Dilma Rousseff iniciou seu governo com redução bem-sucedida dos conflitos no meio político e elevação das tensões na seara econômica.

Evaristo Sa -01.han.2011/AFP
Nos primeiros cem dias de governo, Dilma enfrentou tensão na área econômica, como a queda do dólar e preços em alta
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A inovação mais evidente de seus primeiros cem dias no Planalto foi o quase silêncio, em contraste com os discursos inflamados e praticamente diários de seu antecessor e padrinho, Luiz Inácio Lula da Silva.
Após uma campanha presidencial agressiva, abandonou os ataques à oposição, agora anêmica e sob ameaça de adesismo; deixou de lado queixas contra a imprensa e propostas para regular os meios de comunicação.
Na política externa, sua maior marca de mudança, renunciou à ambiguidade do antecessor e defendeu direitos humanos de forma incondicional, ainda que os resultados não sejam tangíveis.

Kevin Lamarque -19.mar.2011/Reuters
Em sua visita ao país, Barack Obama elogiou a democracia brasileira e sinalizou interesse no petróleo e pré-sal
Em sua visita ao país, Barack Obama elogiou a democracia brasileira e sinalizou interesse no petróleo e pré-sal

Na política doméstica, Dilma resistiu ao loteamento partidário dos cargos. Obteve uma surpreendente unanimidade dos deputados do PMDB na votação que aprovou o primeiro reajuste do salário mínimo abaixo da inflação em 14 anos.
Resolveu, com críticas de interferência no setor privado, antiga pendência do governo Lula, tirando Roger Agnelli da Vale.
Administrativamente, as diretrizes são menos claras. Não se sabe até agora com precisão quais serão as prioridades do Executivo, e a agenda para o Legislativo ainda não passa de especulações em torno de medidas tributárias e previdenciárias.
Houve mudanças na política econômica, motivo de desconforto entre analistas e investidores. Foi anunciado um corte de gastos públicos, seguido por uma injeção de dinheiro no estatal BNDES; o Banco Central indicou que deixará a inflação ultrapassar a meta do ano para não sacrificar o crescimento da renda. A inflação espreita.
Os resultados, até agora, não entusiasmam. As expectativas para o aumento de preços seguem em alta, inclusive para 2012, enquanto projeções para expansão da economia estão em queda.

Editoria de arte/Folhapress
100 dias de Dilma na presidência
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