quinta-feira, 7 de abril de 2011

ENCHENTES E DESINTERESSE

POR JOSÉ REINALDO TAVARES


Em artigo de semanas atrás procurei mostrar que as enchentes que ocorrem anualmente no rio Mearim encontram solução técnica na engenharia, com excelentes resultados comprovados em vários pontos do território nacional. 

No rio São Francisco, por exemplo, várias cidades que eram inundadas periodicamente por suas enchentes (desde o início dos anos 80, quando fizemos obras - eu dirigia o DNOS) se livraram do flagelo dos alagamentos. Cito aqui Salgueiro e Petrolina (PE), Januária (MG), Bom Jesus da Lapa (BA) e outras que receberam a construção de diques e casas de bomba que não permitiram mais a entrada das águas do rio. Seria até ocioso falar de todas essas obras. Mas citarei ainda o exemplo do Pantanal Mato-grossense, região que se enche de vida após cada enchente. Mas como proteger durante as cheias a atividade da pecuária, tão forte na região, e proteger o patrimônio de cidades importantes dentro do pantanal, erguidas na margem do rio Paraguai?

Os proprietários de rebanhos na região, por causa da topografia da região, quando surpreendidos pelas enchentes, têm imensas dificuldades para encontrar pontos elevados com tamanho suficiente para acolher o gado em fuga.  Enquanto o DNOS existia, os fazendeiros manejavam seus rebanhos com tranquilidade, pois eram avisados com antecedência pelo órgão sobre o nível que as águas alcançariam e podiam, em tempo hábil, retirar o gado para lugares protegidos. O DNOS podia alertá-los porque instalou no pantanal, no leito do rio Paraguai, réguas medidoras do nível das águas do rio, que eram lidas diariamente. Além disso, um sistema de informática traduzia esses dados para o nível da enchente rio abaixo. Funcionava muito bem até que o presidente Collor acabou com o DNOS. Agora é desespero e prejuízo.

Em Porto Murtinho, cidade bem estruturada em pleno pantanal, as enchentes arrasavam a cidade periodicamente. O DNOS resolveu o problema cercando toda a cidade com diques (que serviam como avenida de contorno) e casas de bombas bem aparelhadas que jogavam para fora dos diques a água que penetrasse ali. Agora não sei como está.

Estou contando isso apenas para mostrar que o rio Mearim tem solução, se esta fosse realmente buscada. Contudo, resolver esses problemas traz consequências para a oligarquia, pois sem enchentes grandes e repetidas o “prejuízo” é grande para muita gente que hoje participa da ‘indústria das cheias’, ramo bastante promissor que movimenta vultosos recursos quase todo o ano. Assim, deixar Trizidela do Vale sem enchentes não dá... 

E sabem do que mais? Agora se sabe que não foram ‘só’ R$ 25 milhões que o governo estadual recebeu do federal para a construção de casas, estradas, cestas básicas e assistência aos desabrigados.  Foi na verdade muito mais. Documentação do ministério informa que o total da ajuda para a cheia de 2009 no Maranhão chegou a R$ 95 milhões. Onde foi parar a dinheirama? Como o governo não presta contas, restam somente conjeturas muito maldosas sobre o destino do dinheiro. Só o Ministério Público Federal poderá ajudar a esclarecer a questão. Do contrário,  os prefeitos serão sempre os culpados, versão muito conveniente para o governo, que no mínimo é tão culpado quanto os primeiros. Mas a TV Mirante coloca como ‘verdade’ apenas o que quer...

Do jeito que a coisa vai, essa gestão de Roseana Sarney vai liquidar o estado rapidamente. Nos quase oito anos de meu governo e do de Jackson Lago, nada foi pedido de empréstimo ao BNDES ou a qualquer outro Banco nacional ou estrangeiro. Nada. Ao contrário, tivemos que pagar contas de governos anteriores - Roseana e outros - todo mês, religiosamente. Eram mais de R$ 50 milhões mensais sangrados dos cofres do governo em todos esses anos. 

E então, depois de todo este martírio e mesmo sem nenhuma obra ou realização importante, Roseana pediu à Assembleia e conseguiu R$ 800 milhões, sem dizer para qual finalidade serviria a referida quantia. Não bastasse isso, agora, não satisfeita pela excelente arrecadação que vem abarrotando os cofres do governo, manda colocar no seu jornal que esteve no BNDES semana passada para pedir mais dinheiro emprestado. E tudo isso após ter passado toda a semana em Brasília, tendo visitado quase todos os ministérios, sempre de pires na mão, querendo mais dinheiro. Para essa gente o dinheiro não basta nunca. E como o empréstimo anterior foi gasto sem se saber onde, tudo o que ficará para o Maranhão serão contas para pagar sem nenhum benefício em troca para o estado.

Roseana exerce um governo quase ditatorial, sem nenhuma transparência, e tampouco se preocupa com a legalidade do que faz. Sente-se acima das leis! Entretanto, não contava com o que está acontecendo. A Rede Globo, em seus programas noticiosos, tem mostrado pela primeira vez a realidade do estado, nada mais nada menos que um estado abandonado, sem governo, subdesenvolvido, em que nada funciona. É chocante!
Já haviam mostrado que o governo recebe dinheiro para casas e não faz. Ou quando faz, é só porcaria. Já haviam mostrado o terminal de passageiros do aeroporto, interditado por 150 dias, com os passageiros na chuva e no sol. É impressionante a revolta das pessoas pelo que está acontecendo, obrigadas a entrar em um ônibus totalmente inadequado que possui apenas uma porta na frente e os passageiros são obrigados a subir uma escada íngreme e em caracol sem espaço para eles e a bagagem. Isto sem contar a verdadeira luta que se tornou receber uma simples mala. E o governo acha que o problema é da Infraero...

Relembrem que recentemente o Brasil presenciou o fato de que no Maranhão os presos eram mortos nas cadeias quase todos os dias e que os professores estão em greve há meses e que a única reação do governo é tentar jogar a população contra os mestres, até mesmo forjando ‘movimentos’ estudantis chapa branca com vereadores do interior, que se passam por estudantes. Uma vergonha.

Agora, para culminar, o Globo Repórter mostrou as cenas dantescas dos hospitais maranhenses, com doentes amontoados pelo chão ,pondo à nu a verdadeira situação, quase caótica para os maranhenses, do sistema de saúde do estado. Nunca esteve pior!

Só os apaniguados conseguem os remédios que deveriam ser gratuitos e no estado inteiro o povo não encontra assistência básica de saúde.  Hospitais e UPAS custam muito caro e Roseana não acha importante gastar dinheiro com eles. Como fazer as obras era importante apenas para a eleição, por vários motivos, agora esperam chegar os últimos meses do governo para inaugurá-las, passando o abacaxi para adiante...
Pensam que a Mirante quebra o galho. Mas tudo tem um limite...

O melhor governo de Roseana é um caos!

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