Por Jorge Vieira (JP)
O presidente Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, um dos principais organizadores do movimento balaiada que tentou resistir à cassação do ex-governador Jackson Lago ocupando as dependências do Palácio dos Leões, disse com exclusividade ao Jornal Pequeno que o líder pedetista foi “assassinado politicamente” pelas oligarquias nos tribunais.
Stédile destacou que a aproximação do MST com o ex-governador Jackson Lago foi em decorrência da sua coerência, do compromisso político que demonstrava pelo povo e por tudo que ele representou para derrotar o grupo Sarney no Maranhão há 40 anos. “O governo Jackson poderia ter sido o início da mudança, mas infelizmente não houve forças populares suficientes para mantê-lo no governo e derrotar de fato a oligarquia Sarney. Por isso ele foi apeado do poder da forma mais estúpida possível, com o uso dos tribunais”, denunciou Stédile.
Segundo o dirigente do MST, para que houvesse a cassação forjaram um processo incabível com a única finalidade de subtrair a vontade popular. Posteriormente surgiu a Ficha Limpa. “Agora o Supremo Tribunal Federal derrubou a tal da Ficha Limpa. Então, podemos dizer que Jackson foi assassinado politicamente, ou exilado de novo em 2009, e agora o STF, há duas semanas, concedeu anistia, mas já era tarde, de nada adiantava, a eleição já havia passado”, lamentou.
Para João Pedro Stédile, o ex-governador fez parte de uma geração de lutadores do povo, de verdadeiros revolucionários que durante os últimos 40 anos viveu intensamente todo o processo de luta política do país. “Ele viveu o assenso de massa no período João Goulart, pagou o preço da Ditadura Militar, depois ajudou a reconstruir as organizações democráticas do nosso país e viveu agora no final esse descenso do movimento de massas que estamos sofrendo até hoje com a hegemonia dos interesses do capital, com a hegemonia dos anti-valores da política”, observa.
O dirigente ruralista ressalta que Jackson permaneceu com sua coerência ao longo dos 40 anos em que combateu as oligarquias. “Ele foi coerente com seu compromisso com o povo, coerente com suas ideias socialistas, teve coerência no modo de se comportar como político que ascende aos cargos públicos para usá-lo para o povo, quando hoje o que vemos são políticos fazendo carreira para se aproveitar dos cargos públicos”, denunciou.
João Pedro Stédeli está seguro de que Jackson vai deixar muita saudade, mas que está deixando principalmente um legado importante: “é possível ter homens públicos coerentes, honestos e pobres”.
Sobre o refluxo dos movimentos de massa no Brasil, o líder do MST enfatizou que o país vive ainda um momento de transição, porque saiu de uma ditadura, depois teve 20 anos de neoliberalismo e agora está vivendo um estágio de resistência a esse liberalismo, mas que o povo está fora da política.
“O movimento de massas está em descenso, o povo não está participando da vida política brasileira. Por isso até o presidente Lula, sendo o nosso maior líder popular contra a ditadura, não conseguiu fazer um governo popular; fez um governo de conciliação de classes justamente porque o povo esteve ausente, e eu espero que esse ciclo que estamos vivendo agora seja rápido e que nós alcancemos um novo período de reascensão do movimento de massas e de maior participação popular na vida pública e na vida política. Com a volta da ascensão do movimento de massas, o povo voltará a participar da vida política, dando oportunidade para que surjam outros militantes iguais a Jackson. Ele foi fruto do nosso povo, viveu intensamente a vida dele com o povo; agora, outros Jackson só surgirão se o povo se mexer”, adverte.
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