quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O QUE SERÁ, QUE SERÁ?

POR JOSÉ REINALDO TAVARES


Da música de Chico Buarque de Holanda: 'O que não tem governo, nem nunca terá, porque não tem juízo...'

Sinceramente, a governadora Roseana Sarney parece que não está se importando com o que acontece no Maranhão e com a população maranhense nesse momento.
Nosso estado regride a olhos vistos, a infraestrutura estadual se acaba e a governadora pega o avião e sai de férias, vai bater papo com Chávez na Venezuela como se nada tivesse importância. A população sofre sem estação de passageiros no aeroporto por um tempo interminável e a recuperação segue devagar para desespero dos funcionários dedicados das empresas aéreas e da Infraero obrigados a suportar o desconforto e o estresse todos os dias. E ninguém se arrisca a dizer quando tudo isso vai se normalizar.
Sem aeroporto, que virou motivo de piadas entre os passageiros, principalmente os visitantes, a impressão de quem chega ao Maranhão é de quem está chegando a um país africano, dos mais atrasados. Um prejuízo enorme para todos. E o que faz a governadora? Nada! Primeiro porque ela ali não pisa desde anos atrás. No hangar em que ela pega seu avião está tudo em ordem. Ela não se dignou em momento nenhum a ali fazer uma visita de inspeção, coisa que só faria se estivesse interessada em resolver. Tudo indica que não está.
Se não temos aeroporto, tampouco temos estrada. O acesso a São Luís pela BR-135 virou um grande problema e um enorme risco para quem precisa sair ou chegar à ilha. É raro o dia sem acidentes ali, quase sempre com vítimas fatais. O governo federal desde o ano passado autorizou a tão sonhada duplicação, mas premido pelo enorme poder político da oligarquia, fez o que não devia e delegou aos órgãos no estado a execução do projeto da obra. O estado queria, além disso, a delegação para execução da construção e pavimentação da estrada, ficando com o DNIT a obrigação de repassar os recursos. Mas com tudo o que aconteceu no Ministério dos Transportes, o TCU entrou em ação e constatou que no edital estava embutido um sobrepreço de dezenas de milhões de reais e comunicou ao Ministério dos Transportes. Ali, quem havia assumido era um homem muito sério e de absoluta confiança da presidente Dilma, que, alertado e tomando conhecimento da enorme lambança embutida no edital, não teve alternativa senão anulá-lo, certamente com o conhecimento da Presidência da República. Ele não tinha alternativa. Aqui o choro foi grande, mas as coisas estão diferentes no governo federal.
Assim a lambança custa, mais uma vez, muito caro à população que sonha com a duplicação. Roseana certamente estava informada de tudo, acredito, e recebeu o ministro protocolarmente apenas para mostrar seu empenho em governar...
Mas o fracasso governamental se estende para todos os lados. Para agradar o pessoal da Ponta da Areia, e lógico, os construtores - Jorge Murad, o marido, construiu no mínimo dois prédios no local - resolveu realizar um projeto antigo, do prefeito Tadeu Palácio, sem se dar ao trabalho de verificar se as premissas daquele projeto continuavam válidas nos dias de hoje. Sim, porque com a construção da barragem do Bacanga, o Aterro do Bacanga, e as intervenções quase rotineiras no Porto do Itaqui, as correntes na Baía de São Marcos sofrem grande influência que lhes altera profundamente. Basta ver que os pilares da Ponte José Sarney estão cobertas de lama e os canais que passavam ali só existem na maré cheia. Há poucos dias uma senhora caiu da ponte e mesmo com a maré seca, ela nada sofreu, pois sua queda foi amortecida pela lama, e em que pese a grande altura da queda, a lama que continua a aumentar no local, amorteceu e acolheu a sua queda. A croa, um banco de areia que surgia na maré vazante e que servia de campo de peladas para a diversão de muitos ludovicenses, hoje não existe mais. É só lama.
Assim, sem cuidado nenhum, ela faz uma licitação, vencida, naturalmente, por um amigo e gastou R$ 18 milhões na construção acelerada do Espigão da Ponta da Areia. E, é claro, fez tanta publicidade do tal quebra-mar, que os críticos, sabendo que a parte maior dessa publicidade é destinada a TV Mirante, que é dela mesmo, brincam que ela gastou R$ 18 milhões na construção e R$ 40 milhões na propaganda. Vá lá saber se é verdade...
Verdade mesmo é que, conforme extensas reportagens do Jornal Pequeno, que ouviu os barraqueiros e moradores, o espigão não funciona e não impede a erosão das praias do local, que continua a aumentar. É no mínimo irresponsável o governo que nem se abala para explicar o que está acontecendo. O espigão que mandei construir em São José de Ribamar para acabar com a erosão que derrubava as barreiras, lançando ao chão casas inteiras, foi um sucesso, mas tudo ali foi estudado em modelo reduzido efetuado pela Portobras.
É, e como se não bastasse, a ação deletéria do governo se estende a todos os setores. Os Cetecmas estão fechados há quase um ano e cerca de 600 técnicos e funcionários que trabalhavam nesses centros há mais de nove anos foram postos para fora sem nada receberem, pois hoje estão todos fechados. Um absurdo que só um governo sem compromisso com nada, nem com os direitos dos funcionários, é capaz de perpetrar.
Os emblemáticos 72 hospitais que ela prometeu inaugurar no final de 2010 e até hoje inacabados só serviram mesmo para fazer dispensas de licitação de centenas de milhões de reais e fazer a festa de empreiteiros amigos. Em compensação, Roseana fechou quase todos os que funcionavam, sobrecarregando os Socorrões da Prefeitura de São Luís. Um primor de descaso, incompetência e má-fé.
Das promessas de campanha nada foi feito. Nada de refinaria, nem gás, nem celulose. Nada de Via Monumental ou Ponte do Quarto Centenário. E agora, para culminar a completa balbúrdia do governo, sem se importar com a extrema gravidade do quadro caótico de insegurança no Maranhão, e depois da briga sem sentido com os delegados, a governadora agora parece querer desmerecer a Polícia Militar, sempre ordeira e dotada de oficiais e praças bem formados, negando-lhes qualquer atendimento à justíssimas reivindicações da corporação. Nem sequer dialoga com os militares. O clima está pesado e quem sofrerá mais uma vez será a desprotegida população do estado.
E assim os índices de criminalidade atingem números alarmantes, a população está apavorada e a governadora continua ausente.
O governo atual do Maranhão é um fracasso em tudo.

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