quarta-feira, 23 de novembro de 2011

'Meu maior inimigo sou eu mesmo'


POR JOSÉ REINALDO TAVARES
A frase que oportunamente intitula este artigo é atribuída a Átila, Rei dos Hunos. Veremos o porquê. Pelos resultados dos primeiros governos de Roseana, de 1995 até abril de 2002, não dava mesmo para esperar nada de positivo para o estado após o 'golpe de estado jurídico' tê-la colocado de volta no governo do Maranhão depois da acachapante derrota de 2006.
Assim, aquela que mergulhou o Maranhão na pobreza em quase oito anos dos seus dois primeiros mandatos, teve a oportunidade de voltar ao governo para cumprir o restante do mandato de Jackson Lago e participar de uma 'reeleição' de araque ao cargo, que quase quebrou o estado, tentando garantir um novo mandato. Hoje já se pode perguntar, tendo em vista os péssimos resultados do primeiro ano de Roseana nesse novo mandato – para quê?
O que ninguém esperava é que Roseana conseguisse um alargamento da pobreza tão rapidamente. Eu mesmo achava que a constatação de tais resultados só seria melhor visualizada alguns anos depois que ela deixasse o governo. Mas o arraso, a incompetência e o desinteresse foram tão grandes que, depois de quase três anos no governo, os resultados chegam rápido e são lamentáveis. Sendo bem específico: a pobreza e a extrema pobreza no estado aumentou. E tudo isso a despeito do enorme poder que o senador José Sarney mantém no governo federal. Por que será?
E que resultados são esses? O senador José Sarney andou falando muito que o Maranhão tinha ótimos indicadores e citava como exemplo o PIB que havia colocado o estado no décimo sexto lugar entre todos os estados brasileiros, mas se esqueceu de dizer que, quando sua filha deixou o governo em 2002, o PIB do estado mal passava de R$ 15 bilhões de reais e só cresceu no meu governo e no de Jackson. Isto ao ponto de já no final de 2007 alcançar R$ 32 bilhões, mais do que dobrando nesse período. Mas era o que Sarney citava, dando a entender que aquilo era resultado do trabalho de Roseana.
Agora nem isso poderá dizer mais, pois o trabalho dela está estampado nos jornais que divulgam: 'PIB maranhense encolhe'. O IBGE, esse órgão que 'persegue a família Sarney', ao divulgar essas estatísticas que desmentem – sempre – as propagandas tão caras do governo de Roseana, anuncia encolhimento de 0,9% no PIB do Maranhão. Ou seja, uma diminuição da riqueza e da produção do estado que, ao invés de ir para a frente, vai para trás sob a batuta de Roseana. Agora imaginem que ela está desempenhando o 'seu melhor governo'...
Querem mais? Se o PIB caiu, cairá também a renda per capita. Isto significa maranhenses mais pobres. Mais: 'Maranhão tem maior proporção de baixa renda, segundo IBGE', outra manchete recente. Segundo o Censo Demográfico de 2010, a média nacional de rendimento domiciliar per capita foi de 668 reais. Os dados do instituto só consideram pessoas e domicílios de rendimento positivo, excluindo aqueles com renda zero ou sem declaração.
O Maranhão tem proporcionalmente a maior quantidade de domicílios com moradores de baixa renda no Brasil e 26,5% das casas pesquisadas tem renda mensal de 127,50 reais per capita, o menor nível de rendimento encontrado pelo IBGE no país. Mas, se no estado temos 26,51% dos domicílios com essa renda, isto significa que somos três vezes mais pobres que a média nacional, que é de 9,16% dos domicílios. Logo acima de nós temos o Piauí e Alagoas, que sempre estavam atrás, mas com Roseana no governo, quem fica para trás é o Maranhão. Santa Catarina só tem 2,12% de domicílios com a menor renda domiciliar per capita e o Maranhão, repetindo, 26,5%.
O que podemos dizer, governadora? Também, em férias permanentes fica difícil... Assim, sem tempo e disposição para trabalhar, o Maranhão foi o único estado do Nordeste que, mesmo convidado, não foi e abriu mão de apresentar qualquer solicitação ou projeto ao presidente do Banco Mundial, que viera oferecer 5 bilhões de dólares exatamente para combate à pobreza. A governadora não foi, não mandou representante e muito menos projetos. Para que mesmo ir, se considerarmos essa riqueza toda e absoluta ausência de pobreza no estado a que se reporta Roseana Sarney? Perder tempo?
E o IDH? O Maranhão e o Rio grande do Norte foram os únicos estados do Nordeste que não tiveram crescimento no indicador, ou seja, nesses dois estados a saúde, a educação e a infraestrutura social básica não melhoraram. Ademais, o Maranhão que estava em vigésimo primeiro lugar agora é o vigésimo quarto, ultrapassado que foi por Roraima e Alagoas. Assim não dá, governadora!
O desastre é completo e este é o pior governo que o Maranhão já viu!
E o caos continua... A ação do governo se notabiliza por não pagar o piso básico aos professores; negar aumento à polícia e bombeiros – que desde 2009 não têm qualquer ajuste ou aumento em seus salários; massacrar a população do estado com esse aumento absurdo nas contas de água, acima de 86 por cento; atrasar o pagamento do salário dos professores contratados; demitir sem pagar direitos aos técnicos e professores dos Centros Tecnológicos – hoje abandonados; jogar dinheiro fora com propaganda enganosa de refinarias e indústrias que ninguém vê; abandonar a população que tem que viajar e precisa enfrentar as tendas de lona de um aeroporto improvisado e sem data prevista para a normalização do seu funcionamento; apoiar uma reclamação descabida ao Ministro dos Transportes, que anulou o edital de concorrência da duplicação da BR-135, porque quiseram fazer um edital de concorrência sem projeto, sem sondagem, sem nada e com um sobrepreço enorme que iria beneficiar alguns aliados. Neste ultimo caso, certamente Roseana pensa que o governo federal é o Maranhão que governa e onde se contratam hospitais, vias expressas e tudo mais sem projetos, como denunciou o Crea, e por isso mesmo nunca ficam prontos. Enfim, está tudo errado, é uma bagunça e uma lambança continuada e ela ainda tem coragem de se contrapor ao IBGE quando este mostra nada menos que a verdade.
E para finalizar, com certeza viram que o Jornal Nacional mostrou para o Brasil, cruamente e sem retoque, a terrível pobreza que a população maranhense enfrenta. Acabou com a propaganda da governadora, que mandou uma nota dizendo que era assim, porque as famílias eram numerosas e estavam no interior, como se no restante do Nordeste fosse diferente. Era melhor não ter mandado nada, governadora!
Assim não há biografia que resista. Férias são boas, mas tudo tem limite.




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