quarta-feira, 9 de novembro de 2011

CÂMARA FEDERAL APROVA TEXTO PRICIPAL DA DRU

MARIA CLARA CABRAL
DE BRASÍLIA

FOLHA.COM


Depois de mais de oito horas de discussão, os deputados aprovaram na madrugada desta quarta-feira o texto básico que prorroga por mais quatro anos o mecanismo que dá mais flexibilidade aos gastos do governo. O texto, aprovado por 369 votos a favor e 44 contra, ainda pode sofrer modificações, pois os deputados precisam analisar nove destaques.
A DRU (Desvinculações das Receitas da União) permite ao governo gastar livremente 20% de suas receitas. O mecanismo atual perde a vigência em 31 de dezembro de 2011.
Para a prorrogação entrar em vigor, o texto ainda precisa passar pela votação em mais um turno na Câmara dos Deputados --o que pode acontecer ainda nesta quarta-feira. Além de seguir para duas votações no Senado. Tudo isso deve acontecer antes do recesso parlamentar (dia 23 de dezembro).
A desvinculação das receitas é um dos assuntos mais importantes para a presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional. Preocupados com a falta de tempo hábil para a conclusão da votação na Câmara e no Senado, deputados tentaram viabilizar um acordo durante todo essa terça-feira.
As negociações giraram em torno da proposta de prorrogar a DRU por apenas dois anos. Em troca, líderes oposicionistas dariam a garantia de que não recorreriam ao STF (Supremo Tribunal Federal) por causa da quebra de prazo necessário entre a votação do primeiro e segundo turnos da proposta em plenário.
A presidente Dilma rejeitou pessoalmente o acordo, após encontro com os presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
"A aprovação da DRU se insere na política de enfrentamento da crise mundial. Não podemos permitir que o Brasil vacile neste momento", afirmou Maia depois do encontro com a presidente da República.
Por tratar-se de uma emenda constitucional, a proposta precisa ser aprovada nos dois turnos com pelo menos 308 votos --o governo conseguiu 61 votos a mais na primeira votação. De acordo com o regimento interno da Câmara, os deputados devem cumprir o prazo de cinco sessões do plenário entre as votações do primeiro e segundo turnos. A base aliada, porém, deve passar por cima das normas e votar o segundo turno ainda nesta quarta.
Essa é a sexta proposta do Poder Executivo de prorrogação das desvinculação das receitas. O argumento do governo é que o excesso de vinculações gera ineficiência na administração de recursos públicos e que a DRU permite o financiamento de programas prioritários sem o aumento de endividamento da União.
"O governo está viciado em retirar dinheiro de origem do trabalhador. Faz a esperteza de tirar dinheiro para aplicar no que quiser. Pode ser até com o esquema de seus ministros, mas quando a pessoa realmente precisa aí não tem caixa no governo", afirmou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Ainda de acordo com o governo, a aprovação da DRU para mais um período permitirá a desvinculação de recursos da ordem de R$ 62,4 bilhões, contribuindo para viabilizar de modo mais equilibrado o superávit primário de R$ 71,4 bilhões, que foi fixado como meta para o próximo exercício financeiro.
Editoira de Arte/Folhapress

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