quarta-feira, 18 de maio de 2011

Onde estou?



Por José Reinaldo Tavares



Foi em entrevista ao seu jornal – que, aliás, todos sabem, só publica matérias elogiosas a ela – que a governadora se revelou completamente despreparada ao exercício do cargo que ocupa, ou seja, totalmente alheia ao que se passa no próprio governo.

O trecho em que falou dos 72 hospitais, estes que foram ponto de honra e objeto de promessa, durante a campanha eleitoral, de que seriam entregues até dezembro do ano passado, foi atroz e revelador. Uma dúvida ficou entre os que se deram ao trabalho de ler a entrevista: se nem ela mesma acredita no que prometeu, ou então não está dando mais prestando atenção ao que acontece no governo. Qualquer das conclusões leva a uma só certeza: a de sua completa alienação das suas obrigações governamentais.

Afinal, qualquer assessor poderia ter lhe avisado que foram feitos 72 contratos para construção dos hospitais, pagos em grande parte em desacordo com o avanço das obras, indicando que tudo isso fez parte da campanha ou do seu financiamento, como presumiam todos. No entanto, na entrevista ela afirmou peremptoriamente que eram apenas 62 hospitais e 10 UPAS. Então os dez esqueletos de hospital que sobraram foram abandonados? E o dinheiro gasto com eles e seus respectivos empreiteiros evaporaram?

 Simplesmente deixam de existir sem nenhuma explicação e sem nenhuma consequência para os responsáveis? Até para um Maranhão dominado pela família Sarney é demais.

Não bastasse isso, o único hospital inaugurado não funciona, como foi denunciado pela população do município de Lago dos Rodrigues. Aí cabe a observação – esse foi inaugurado no meio do período eleitoral para tentar abafar o descrédito sobre esses empreendimentos e agora, muitos meses após, ainda não conseguiram colocar para funcionar o único existente…

Realmente é um governo de muita seriedade e competência, não se pode duvidar… Essa história dos hospitais ainda vai dar muita confusão, podem crer.

E os helicópteros alugados durante as eleições para deslocar doentes necessitados de atendimento de urgência em casos de extrema gravidade, transferindo-os de onde estivessem para os hospitais de São Luís, mas que nunca transportaram um doente sequer e nem ninguém mesmo viu algum deles estacionado em algum aeroporto? Muito menos, ninguém nunca viu neles quaisquer equipamentos para funcionarem como UTIs do ar. Sabe-se agora que os donos desses “fantasmas” receberam praticamente a vista cerca de R$ 4 milhões de reais e que, por coincidência, foram os mesmos que alugaram muitos helicópteros para a campanha de Roseana! E que, a despeito de que ela só se deslocava na campanha em helicópteros, não consta de sua prestação de contas de candidata nenhum pagamento pelo uso de tais aparelhos?

Aí tem coisa cabeluda, mas quem fiscaliza o governo de Roseana no Maranhão dominado dos Sarney?
Pois bem, continuando a pataquada, ela resolveu juntar todos os programas privados de treinamento e preparação de mão-de-obra das empresas que estão aqui há alguns anos em um programa só, com a parceria do estado. Em seguida, fez uma pomposa solenidade e lançou um programa milionário, custeado em R$ 400 milhões para o setor privado e o mesmo valor para o estado. Sem dúvidas, esse valor é de vários anos somados. A primeira vista parece uma boa ideia, mas ela não deu detalhes de como funcionará o programa e como será essa parceria. Ou seja, pegou apenas os grandes números para causar impacto e fazer propaganda. Como sempre…

Então vamos procurar entender. Quem será o executor do programa? A iniciativa privada ou o governo? Quem administrará os recursos? As empresas passarão os seus recursos para Roseana administrar? Roseana entregará os recursos que ela diz ter para as empresas? Não acredito. Está parecendo muito com aquele outro programa dela o ‘tele-engano’ que também era uma panaceia…

Toda a comunidade acadêmica sabe que esses programas têm alcance limitado. Esse tipo de iniciativa é um quebra galho apenas, pois empregado bem preparado é aquele que fez um bom ensino fundamental e médio. Um ensino básico de qualidade. A educação tem que fazer parte do projeto do desenvolvimento de um país ou estado. Isto é, onde a educação deu saltos de qualidade, ela estava intimamente ligada ao projeto de desenvolvimento. Era peça fundamental. Qual é o projeto de desenvolvimento de Roseana Sarney? Apenas fazer propaganda de projetos de empresários privados, como se fossem do governo e tentar passar a ilusão de que com eles aqui o Maranhão será outro?

Se fosse assim o Maranhão já seria há muito tempo um dos estados mais desenvolvidos do país, pois para cá já vieram e se instalaram grandes empresas, como as gigantescas fábricas da Alumar e da Vale. E nesse período o Maranhão caminhou para trás, não por eles terem vindo, mas porque o Maranhão não investiu na educação (em 2002 não havia ensino médio em 159 municípios) e nem havia planejamento estratégico. Em contrapartida, havia o ‘tele-engano’…

Esse programa, uma iniciativa educacional por meio de recursos audiovisuais, foi idealizado por Roseana em seu malogrado governo entre 1998 e 2001. Assim, preferiu-se não instalar ensino médio em 159 municípios e inventou-se tal programa, o ‘tele-engano’, como foi rapidamente chamado, para criar um atalho e disfarçar o absurdo. Hoje com dezenas de escolas sem professores, sem carteiras escolares, sem transporte escolar, sem merenda, ela tenta criar uma nova ilusão.

Ilusão, sim, pois como ela poderá fazer este novo programa com seriedade, se temos um ensino bastante precário e já temos quase 80 dias sem aulas este ano no ensino médio estadual, por mero capricho do governo, que sabe que terá que cumprir a lei e nem recebe os grevistas, preferindo confrontá-los?

E mesmo se tal programa funcionasse, onde seriam colocados os 400 mil jovens que seriam “preparados”? Tudo isso se choca de frente com a verdadeira situação do nosso estado. Atualmente, segundo estatísticas do Caged do Ministério do Trabalho, o Maranhão teve perda de quase 4 mil empregos no primeiro trimestre do ano, ao contrário dos outros estados que, nessa época, tiveram aumento no numero de empregos. Como pôde isso acontecer, Roseana, se estamos vivendo a maior explosão de crescimento da nossa história, aliás como não cansas de repetir?

Que momento é esse em que o Maranhão tem o décimo sexto PIB do Brasil e ocupa apenas o vigésimo quinto lugar entre os que criam empregos? Como pode? Todo aumento do PIB eleva o nível de emprego. Se o crescimento do PIB estadual é este que o governo afirma que está acontecendo (crescimento chinês!), como é possível explicar que ao invés de crescer, o nível de emprego retrocede? Só neste Maranhão...

E para encerrar existe um badalado programa de treinamento de jovens para o trabalho, parceria entre o governo federal e o governo estadual, o Pró-Jovem, programa de muito sucesso durante todo o governo de Jackson Lago. Sob a administração desta nossa governadora, os professores, contratados por ela, não recebem seus salários desde setembro do ano passado!

E a construção de novos Centros Tecnológicos que o governo anuncia, como será isso? Sim, porque os muitos que estavam em funcionamento, já não estão, visto que tiveram suas verbas cortadas neste governo. Além disso, até a própria Univima, mola mestra para capacitação de pessoal, também se encontra esvaziada e quase fechada por Roseana…

Dá para acreditar que vai ser diferente?

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