sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Polícia Federal apreende R$ 5 milhões em bens em Barra do Corda

Do blog do Décio



A “Operação Astiages” apreendeu nesta quinta-feira bens móveis pertencente a “organização criminosa” comandada pelo prefeito de Barra do Corda, Manoel Mariano de Sousa, o Nenzim (PV), que ultrapassa a casa dos R$ 5 milhões. Esse valor, segundo a Polícia Federal, representa apenas 10% do montante desviado dos cofres municipais nos últimos cinco anos.
Além de um avião bimotor e um helicóptero, foram apreendidas duas Pajeros, uma Hilux, dois Honda City, um Honda CRV, seis caminhões baú, 15 relógios de luxo (Rolex, Bvlgari, Tag Hauer, Ferrari etc.) e jóias. Os relógios e as jóias ainda passarão por avaliações.

Eugênio Ricas e Victor Mesquita durante coletiva sobre 'Operação Astiages'
O helicóptero e o avião estão em nome de “laranjas” e foram localizados no aeroporto de Paço do Lumiar. Segundo os delegados Victor Mesquita, chefe do GRFIN (Grupo de Repressão aos Crimes Financeiros e Lavagem de Dinheiro), e o superintendente em exercício da PF no Maranhão, Eugênio Ricas, o avião “está em nome de um ‘laranja’ que não tem condição de comprar uma bicicleta”.
O prefeito, a primeira-dama de Barra do Corda, Francisca Teles de Sousa, a Santinha, e o lobista João Batista Magalhães continuam foragidos. Os delegados afirmaram que possivelmente o lobista esteja em Brasília. Magalhães foi preso no final do ano passado pela Polícia do Maranhão com um carro roubado.
As outras nove pessoas presas já prestaram depoimentos e foram indiciadas pelos crimes de desvio e apropriação de recursos públicos, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e formação de quadrilha. As penas podem ultrapassar os 30 anos de cadeia. Ainda hoje eles serão transferidas para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
Os delegados disseram que seria uma “leviandade” afirmar ou sugerir o envolvimento de mais algum membro da família Nenzim no caso. O deputado Rigo Teles (PV), filho do prefeito, esteve durante toda a tarde na sede da PF para acompanhar parentes e familiares dos acusados.
Eles informaram ainda que farão levantamento dos imóveis da quadrilha através de busca em cartórios. Um dos delegados que participou da operação disse que nem iria mandar a foto da casa da família Teles em Barra do Corda porque “não era uma mansão, era uma casa de cinema” e a simples imagem não daria para mostrar sua beleza.
Coaf
O esquema criminoso foi descoberto por causa de movimentações financeiras atípicas feitas pelo prefeito e seus familiares, segundo detectado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). O inquérito para apurar o caso foi aberto em fevereiro do ano passado.

PF pedirá interdição de helicóptero apreendido em Paço do Lumiar
De acordo com Victor Mesquita e Eugênio Ricas, o processo tem tantas provas que as buscas e apreensões priorizaram os bens mais valiosos. “A gente não teria onde guardar a frota de carros da quadrilha. Apreendemos apenas 1/10 da frota”, declararam.
Os delegados disseram que a polícia vai buscar a partir de agora os bens de menor valor (carros médios e populares, principalmente) da “organização criminosa”. Vão pedir imediatamente ao TRF da 1ª Região (Brasília) a interdição dos bens mais valiosos.
Explicaram ainda que os membros da família Teles desviavam os recursos da prefeitura e usavam “laranjas” e suas próprias contas para “lavar” o dinheiro. Somente entre contas e aquisição de bens do prefeito e o filho Pedro Teles, secretário de Finanças da prefeitura, transitaram nos últimos cinco anos mais de R$ 50 milhões.
A quadrilha tentava disfarçar os valores comprando e vendendo bens constantemente. Em relação ao helicóptero, os federais notaram que ela era usada pela mesma quadrilha dona do avião. “Se tem bigode de gato, olho de gato, possivelmente é um gato”, brincou Victor Mesquita.
Os delegados declararam que a investigação ainda não acabou, mas o trabalho foi feito para “estancar a sangria que estava muito grande”.
Mais de 100 policiais do Maranhão, Piauí e Distrito Federal participaram da “Operação “Astiages”. A ação recebeu esse nome em referência ao Rei Medo (império da Média-Pérsia), que governou de 585-550 depois de Cristo. Astiages, em grego, significa “destruidor de muralhas”, mas em babilônio significa “saqueador de cidades”. O nome ainda deriva do Deus de Marte, que assolava e destruía cidades de 747 a 557 a.C.
Esclarecimentos
A Secom (Secretaria de Comunicação do Governo do Maranhão) divulgou nota no início da noite negando que o lobista João Batista Magalhães seja assessor do vice-governador Washington Luiz Oliveira (PT), conforme divulgado erronaneamente por alguns blogs locais. A nota diz que ele “é conhecido do vice-governador dentre inúmeras pessoas que ele tem contato”. Em post abaixo, informei que ele teria ligações com o petista, fato que a nota acaba confirmando.
Veja a relação abaixo. Em vermelho, os foragidos:
Manoel Mariando de Sousa (Nenzim) – prefeito
Francisca Teles de Sousa (esposa)
Sandra Maria Telis de Sousa (filho)
Inamar Araújo Medeiros (genro)
Pedro Alberto Telis (filho)
Janaína Maria Morena Simões de Sousa (nora)
João Batista Magalhães (lobista)Moacir Mariano Silva (laranja)
Luís Marques de Sousa, o Luizinho da Cemar (laranja)
Quintino Gomes da Silva, o Peba (laranja)
Gilson da Silva Oliveira (laranja)
José Aucivan da Silva (laranja).

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