segunda-feira, 6 de setembro de 2010

PESQUISA ESCUTEC - CONSIDERAÇÕES

Do blog do Kenard


A pesquisa divulgada ontem, sábado, pela Escutec, do jornalista Fernand Júnior, no meu entender é a que merece atenção. Nenhuma novidade para o leitor, já que venho dizendo isso desde 2006.



Com uma ressalva: pesquisas mostram a tendência de um momento, nada mais. Embora os incontáveis institutos queiram dar ares científicos às pesquisas quantitativas além do razoável (o que é natural, ou não teriam o comprador para o peixe), esse tipo de pesquisa não capta o que chamo de pulso das ruas.

Ressalte-se a sensatez de Fernando Júnior quando da divulgação da pesquisa: não houve até aqui nada de significativo que justificasse queda brusca de qualquer dos três mais importantes candidatos a governador. Se o leitor tiver interesse e tempo, pode procurar nos arquivos do blog o que disse a respeito da pesquisa fajuta do Ibope – as mesmas palavras de Fernando Júnior.



Aos números:


Roseana Sarney: 48,7%

Jackson Lago: 25,7%

Flávio Dino: 15,7%

Saulo Arcangeli: 1%



Na Escutec de julho:



Roseana Sarney: 50,4%

Jackson Lago: 25,8%

Flávio Dino: 16,8%


Escutec de agosto:

Roseana Sarney: 49,6%

Jackson Lago: 23,7%

Flávio Dino: 18,2%

Argumenta-se que o quadro encontra-se estável porque os três candidatos oscilam dentro da margem de erro (3 pontos percentuais, tanto para mais como para menos). OK. Mas a oscilação para menos quer, sim, dizer algo mais. Sobretudo no caso da candidata Roseana Sarney, que lidera a disputa.

Vejamos a seqüência: em julho 50,4%, em agosto 49,6% e agora 48,7%. Os números dizem claramente que o teto de Roseana Sarney foi de 50,4%. Acrescente-se que a campanha propriamente dita ainda não havia começado. Começou a campanha e Roseana Sarney foi perdendo gordura. Pode voltar a crescer? Pode. Mas os números indicam que a tendência é de perda de gordura, claramente.

Quais os motivos para a perda do teto? Entre outras, a que sempre aponto: com o horário eleitoral na tevê e no rádio, surgem as críticas e o contraditório. Para não falar no corpo a corpo nas ruas. Acrescente-se: qualquer grupo político que permaneça por muito tempo no poder carrega desgastes, obviamente. Com o grupo Sarney não seria diferente.

Que Jackson Lago mantenha a média de 25% é explicável. Com a pendência na Justiça, por conta da Lei da Ficha Limpa, era esperado. Ele acaba por ter dificuldades para conseguir apoiadores (doadores de campanha) e boa parte dos eleitores teme votar num candidato ainda não seguro na disputa. Do contrário, Jackson Lago já estaria em outro patamar nas pesquisas. Qualquer pipoqueiro de esquina sabe que ele tem esses 25% cristalizados.

Mais complicado é o caso de Flávio Dino. Antes de começar a campanha ele aparecia com 16,8% das intenções de voto. A campanha iniciou e ele ganhou gordura: 18,2%. Inexplicavelmente, agora aparece com apenas 15,7%. Aqui a oscilação dentro da margem de erro (os três pontos percentuais) não explica nada. É o óbvio a serviço do vácuo.

Volto a repetir o que venho dizendo e que Fernando Júnior assinou embaixo na entrevista de apresentação da pesquisa: não houve nada, absolutamente nada que pudesse abalar o crescimento do candidato do PCdoB. Nenhuma denúncia, nenhum escorregão, nada. Mais: Roseana Sarney não cresceu, ao contrário; Jackson Lago manteve-se em seu patamar cristalizado. Portanto, nenhum dos dois retirou votos de Flávio Dino.

O que houve?

Bom, aí eu volto ao começo: embora os incontáveis institutos queiram dar ares científicos às pesquisas quantitativas além do razoável (o que é natural, ou não teriam o comprador para o peixe), esse tipo de pesquisa não capta o que chamo de pulso das ruas.

É esperar.

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