quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

OBAMA DISCURSA NO CONGRESSO AMERICANO E ANUNCIA VISITA AO BRASIL

G1


Obama promete cortar salários e gastos e gerar empregos nos EUA

Em discurso conciliador no Congresso, ele pediu união entre partidos rivais.
Obama também prometeu saltos em educação, tecnologia e produtividade.

Do G1, com agências internacionais
O presidente dos EUA, Barack Obama, prometeu cortes e uma "reorganização" do governo federal, em seu discurso anual ao Congresso americano na noite desta terça-feira (25).
Mas ele pediu a aliados e opositores cautela, com temor de que os cortes possam prejudicar a retomada econômica do país em crise. Segundo ele, os legisladores devem, na hora de decidir sobre os cortes, usar um bisturi, e não um machado.
No início do pronunciamento, Obama fez referência à necessidade de união entre os dois partidos políticos predominantes no país, o Democrata e o Republicano. “Sabemos das diferenças que tivemos nos últimos anos. Nós temos que trabalhar juntos amanhã, no futuro”, disse o conciliador Obama.
O discurso ocorre em um novo cenário parlamentar, depois da derrota democrata nas eleições do ano passado, em que a oposição republicana retomou controle da Câmara de Representantes, mudando o jogo de forças do governo do democrata.
Brasil em março
Obama aproveitou a fala para anunciar a primeira visita dele ao Brasil, que ocorrerá em março deste ano. A viagem, segundo Obama, servirá para criar novas alianças para o progresso nas Américas.
Reorganização do estado
"Nos próximos meses, meu governo vai elaborar uma proposta para fundir, consolidar e reorganizar o governo federal", disse Obama.
A redução do déficit público é uma das metas mais delicadas para os próximos anos de governo, disse Obama.
Para isso, segundo o presidente, será preciso cortar salários de empregados federais, e até mesmo corte em gastos domésticos por cinco anos. “Precisamos diminuir o gasto excessivo onde quer que seja”, pontuou, acrescentando que a medida reduziria o déficit em mais de US$ 400 bilhões na próxima década.
"Nos próximos meses, meu governo vai elaborar uma proposta para fundir, consolidar e reorganizar o governo federal", afirmou Obama.
Ele também prometeu "lançar luz sobre algumas reentrâncias internas"dos corredores do poder de Washington.
Obama também prometeu reduzir os impostos sobre as empresas americanas, que ele qualificou como "uma das maiores taxas do mundo".
Hoje, peço a democratas e republicanos para simplificar o sistema. Livrar-se das brechas. Padronizar as regras. E usar as economias para diminuir a taxa de imposto corporativo pela primeira vez em 25 anos - sem aumentar o nosso déficit", disse.
Obama discursa nesta terça-feira (25) no Congresso americano. (Foto: Molly Riley / Reuters)
"Este é o momento Sputnik da nossa geração", disse o mandatário, estabelecendo uma analogia com o lançamento do satélite soviético, que apressou o desenvolvimento do programa espacial americano.
"Depois de termos investido mais e melhor em pesquisa e em educação, não só ultrapassamos os soviéticos como deslanchamos uma onda de inovação responsável pela criação de novas indústrias e milhões de novos empregos."
Coreia do Norte e Irã
Obama também pediu à Coreia do Norte que desista de ter um arsenal nuclear e elogiou a pressão das potências mundiais sobre o Irã por conta de seu programa atômico.
O presidente abordou sem detalhes as tensões com os dois países.
"Na península coreana, estamos com o nosso aliado Coreia do Sul, e insistimos que a Coreia do Norte mantenha o seu compromisso de abandonar as armas nucleares", disse.
Em relação ao Irã, ele disse que o regime enfrenta "sanções mais duras e mais apertadas do que nunca".
A Coreia do Norte, que já testou duas bombas nucleares, no ano passado bombardeou uma área civil da Coreia do Sul e foi acusada de torpedear uma corveta, em ações que demonstraram as crescentes tensões na península dividida.
Os Estados Unidos e seus aliados europeus têm liderado os esforços para aumentar as sanções contra o Irã sobre seu programa nuclear, que Teerã argumenta ser para fins pacíficos, mas que o Ocidente suspeita que seja destinado à produção de armas nucleares.
Afeganistão e Iraque
Obama renovou a promessa de iniciar a retirada das tropas americanas do Afeganistão em julho, embora tenha alertado sobre a "dura luta pela frente" na guerra de nove anos.
Obama disse que as forças americanas estavam deixando o Iraque, como o planejado, enquanto as tropas lideradas pelos EUA no Afeganistão pressionam os insurgentes talibãs.
Apesar de citar os avanços americanos nesse front, Obama não falou sobre o processo de paz no Oriente Médio, em que uma iniciativa americana para reiniciar as negociações entre israelenses e palestinos fracassou.
Parentes choram vítimas de ataque suicida próximo a Spin Boldak, no Afeganistão, neste sexta-feira (7).Parentes choram vítimas de ataque suicida próximo a Spin Boldak, no Afeganistão, em 7 de janeiro (Foto: AP)


Reforma migratória
Obama também disse que os EUA devem resolver "de uma vez por todas" o problema da imigração ilegal e pediu um esforço bipartidário em direção a uma reforma migratória.
"Estou preparado para trabalhar com republicanos e democratas para proteger nossas fronteiras, fazer com que as leis sejam cumpridas e nos ocuparmos dos milhões de trabalhadores ilegais que atualmente vivem nas sombras", disse Obama.
O presidente se comprometeu a fazer uma reforma migratória integral, que abra caminho para formalizar a situação dos onze milhões de imigrantes ilegais que vivem no país, a maior parte deles hispânicos, mas seus esforços não tiveram sucesso no Congresso.
Parlamentares assistem ao discurso de Obama nesta terça-feira (25).Parlamentares assistem ao discurso de Obama nesta terça-feira (25). (Foto: AP)
Obama defendeu a necessidade de garantir que milhares de estudantes excedentes que não são cidadãos americanos possam ficar no país, em referência a um projeto de lei de reforma migratória parcial, chamado de Dream Act.
O projeto, que abria caminho para legalizar centenas de milhares de jovens ilegais nos Estados Unidos se entrassem na universidade ou no Exército, não conseguiu ser aprovado em dezembro no Congresso americano. Parlamentares afirmaram que voltarão a tentar sua aprovação.
"Alguns são filhos de trabalhadores ilegais, que não tiveram nada a ver com os atos de seus pais. Cresceram como americanos, juram fidelidade à nossa bandeira e, no entanto, vivem todos os dias sob a ameaça de deportação", disse Obama. "Outros vêm do exterior para estudar em nossas instituições superiores e universidades. Mas assim que obtêm seu título, os enviamos de volta ao seu país para competirem contra nós. Não tem nenhum sentido."
 Assista ao lado: Miriam Leitão comenta o discurso
Energia limpa
O democrata prometeu eliminar bilhões de dólares de subsídios ao petróleo a fim de investir em outras opções, como um futuro de energia limpa.
"Estou pedindo ao Congresso para eliminar os bilhões de dólares dos contribuintes que atualmente damos às companhias petrolíferas. Não sei se vocês notaram, mas eles estão indo muito bem por conta própria", afirmou .
"Em vez de subsidiar a energia de ontem, vamos investir na do amanhã", acrescentou.
Obama prometeu o apoio do governo para pesquisas que possam levar a descobertas em energia verde, comparando tais esforços à corrida da Guerra Fria para a lua.
"Não estamos apenas entregando o dinheiro. Nós estamos emitindo um desafio. Estamos dizendo aos cientistas e engenheiros americanos que se eles reunirem grupos com as melhores mentes em seus campos, e se focarem nos problemas mais difíceis em energia limpa, nós vamos financiar o Projeto Apollo de nosso tempo", disse Obama.
"Com mais pesquisas e incentivos, podemos romper nossa dependência do petróleo com biocombustíveis, e nos tornarmos o primeiro país a ter um milhão de veículos elétricos na estrada até 2015".
Obama desafiou o país a superar sua dependência de combustíveis fósseis, estabelecendo a meta de produzir 80% da eletricidade dos EUA de "energias limpas" em 2035.
Educação
Um dos principais pontos tocado pelo presidente foi o de retomar uma educação competitiva nas escolas e universidades americanas. Para ele, a educação “é a chave para a competição”. O presidente citou que os EUA são apenas o nono país no mundo a formar alunos no ensino superior.
“Temos que vencer a corrida para dar educação às nossas crianças. Precisamos ensiná-las que o sucesso é o trabalho duro, a disciplina”. Obama estabeleceu uma meta de 100 mil novos professores de formação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática nos próximos anos.
Para impulsionar a geração de novos empregos, o objetivo é dobrar as exportações até 2014, além de fechar acordos comerciais com outros países. Obama citou como exemplo as parcerias com China, Índia e Coreia do Sul, nos quais foram criados mais de 300 mil empregos recentemente.
Internet
Obama disse que serão feitos investimentos em empresas de internet, e ainda citou exemplos de sucesso no segmento, como Google e Facebook. “A primeira etapa para conquistar o futuro é encorajar a inovação nos EUA. O que os Estados Unidos fazem melhor do que qualquer um é lançar essa imaginação no nosso povo.”
Obama anunciou o projeto de levar internet de alta velocidade para 98% dos americanos. O objetivo é conectar praticamente toda área dos EUA com o mundo digital, para que fazendeiros e produtores rurais, por exemplo, consigam vender seus produtos e mostrar seu trabalho.
Obama se comprometeu a cortar os “bilhões” de dólares destinados às companhias petrolíferas para incentivar o mercado de energias limpas. “Em vez de subsidiar a energia de ontem, vamos investir no amanhã”, disse.
Um dos objetivos dessa iniciativa é ser o primeiro país a ter 1,5 milhão de veículos elétricos circulando pelas rodovias nacionais em 4 anos.
Mineiros do Chile
Obama também evocou  o resgate dos 33 mineiros chilenos para ressaltar a engenhosidade americana, ao lembrar que foi um empresário deste país quem dirigiu a perfuração do duto que permitiu trazê-los à superfície em outubro passado.
"Fazemos grandes coisas", disse, lembrando o "caso de um pequeno empresário chamado Brandon Fisher".
"Um dia, no verão passado, viu a notícia de que, do outro lado do mundo, 33 homens estavam presos em uma mina do Chile e ninguém sabia como salvá-los", relatou Obama.
Fisher foi à mina San José e "formulou um resgate que chegaria a ser conhecido como Plano B. Seus funcionários trabalharam dia e noite para fabricar o equipamento necessário de perfuração. E Brandon partiu para o Chile", indicou o presidente.
Após um trabalho incansável por 37 dias, "o Plano B teve êxito e os mineiros foram resgatados", prosseguiu Obama.
"Mas por não querer toda esta atenção, Brandon não estava lá quando os mineiros saíram à superfície" após 70 dias presos, contou.
"Já havia voltado para casa, para trabalhar em seu próximo projeto", acrescentou.

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