Do G1:
Brasília - Primeiro presidente do Brasil após o regime militar, o atual presidente do Senado José Sarney (PMDB), afirmou à Globo News, na primeira entrevista da série “Profissão:ex-presidente”, exibida na noite desta segunda-feira (10), que, ao assumir a Presidência, em 1985, “estava condenado a ser mais um presidente deposto no Brasil”. Sarney, que era vice-presidente, assumiu no lugar de Tancredo Neves, que morreu dias antes da data prevista para receber a faixa de presidente.
“Eu, conhecendo a história do Brasil, sabendo que eu não tinha um partido político para me apoiar, sabendo que não tinha uma bancada federal para me apoiar, sabendo que ao mesmo tempo eu não tinha nenhuma preparação administrativa para exercer a Presidência. Eu estava condenado a ser mais um presidente deposto no Brasil, como foram outros presidentes. Então, a minha preocupação no governo foi justamente a de legitimar o presidente”, afirmou ao jornalista Carlos Monforte.
Segundo Sarney, o momento mais difícil durante o período em que permaneceu na Presidência da República foi a implementação do Plano Cruzado 2. Criado com o objetivo de conter os altos índices de inflação, o plano fracassou. Em vez de diminuir, a inflação acabou aumentando ainda mais.
“A pior lembrança que eu tenho do governo foi um erro muito grande que eu cometi. Foi o Cruzado 2. O Cruzado 2 realmente foi uma coisa errada e que os economistas me levaram a fazer. Eu não sabia o que tinha, as consequências do Cruzado 2. Então, realmente, é uma data que eu não esqueço jamais, porque foi um erro que eu paguei caríssimo e que até hoje me dói demais quando eu penso nesse momento”, contou Sarney. Veja a íntegra da entrevista:
Apesar de admitir que chegou a pensar em abandonar a vida pública após o término do mandato, Sarney disse que mudou de opinião ao retornar ao seu estado, o Maranhão, e presenciar uma ruptura na política local.
“A gente faz o planejamento da vida, mas o destino não obedece esse planejamento que se faz. Na realidade, eu saí do governo certo de que ia abandonar a política, não queria mais saber de tratar da política, e ia me dedicar, justamente, à literatura e, realmente, ia ser uma vida diferente daquela que eu tinha levado até então. O que aconteceu? Aconteceu que eu cheguei no Maranhão, houve uma ruptura política entre o governador e o nosso partido e, ao mesmo tempo, o presidente Collor assumia o governo. As forças que estavam aqui me convocavam para que eu viesse que eu não podia deixar de participar daquilo, até mesmo para ajudar o país, com as coisas que estavam sendo.. então, acontecendo, e eu, então, fui obrigado a voltar à política por causa disso”, declarou.
Quanto à atitude como ex-presidente, Sarney disse que sua posição foi a de voltar a ser “cidadão comum”.
Segundo ele, essa é uma maneira de mostrar ao povo o que é democracia. “É uma maneira didática de se mostrar ao povo o que é democracia, ver que um homem que foi eleito, que foi presidente da República, que teve os destinos do país na mão, ele está ali, como qualquer cidadão comum, empurrando a sua bagagem, entrando numa fila de aeroporto, entrando numa fila numa loja.”
Brasília - Primeiro presidente do Brasil após o regime militar, o atual presidente do Senado José Sarney (PMDB), afirmou à Globo News, na primeira entrevista da série “Profissão:ex-presidente”, exibida na noite desta segunda-feira (10), que, ao assumir a Presidência, em 1985, “estava condenado a ser mais um presidente deposto no Brasil”. Sarney, que era vice-presidente, assumiu no lugar de Tancredo Neves, que morreu dias antes da data prevista para receber a faixa de presidente.
“Eu, conhecendo a história do Brasil, sabendo que eu não tinha um partido político para me apoiar, sabendo que não tinha uma bancada federal para me apoiar, sabendo que ao mesmo tempo eu não tinha nenhuma preparação administrativa para exercer a Presidência. Eu estava condenado a ser mais um presidente deposto no Brasil, como foram outros presidentes. Então, a minha preocupação no governo foi justamente a de legitimar o presidente”, afirmou ao jornalista Carlos Monforte.
Segundo Sarney, o momento mais difícil durante o período em que permaneceu na Presidência da República foi a implementação do Plano Cruzado 2. Criado com o objetivo de conter os altos índices de inflação, o plano fracassou. Em vez de diminuir, a inflação acabou aumentando ainda mais.
“A pior lembrança que eu tenho do governo foi um erro muito grande que eu cometi. Foi o Cruzado 2. O Cruzado 2 realmente foi uma coisa errada e que os economistas me levaram a fazer. Eu não sabia o que tinha, as consequências do Cruzado 2. Então, realmente, é uma data que eu não esqueço jamais, porque foi um erro que eu paguei caríssimo e que até hoje me dói demais quando eu penso nesse momento”, contou Sarney. Veja a íntegra da entrevista:
Apesar de admitir que chegou a pensar em abandonar a vida pública após o término do mandato, Sarney disse que mudou de opinião ao retornar ao seu estado, o Maranhão, e presenciar uma ruptura na política local.
“A gente faz o planejamento da vida, mas o destino não obedece esse planejamento que se faz. Na realidade, eu saí do governo certo de que ia abandonar a política, não queria mais saber de tratar da política, e ia me dedicar, justamente, à literatura e, realmente, ia ser uma vida diferente daquela que eu tinha levado até então. O que aconteceu? Aconteceu que eu cheguei no Maranhão, houve uma ruptura política entre o governador e o nosso partido e, ao mesmo tempo, o presidente Collor assumia o governo. As forças que estavam aqui me convocavam para que eu viesse que eu não podia deixar de participar daquilo, até mesmo para ajudar o país, com as coisas que estavam sendo.. então, acontecendo, e eu, então, fui obrigado a voltar à política por causa disso”, declarou.
Quanto à atitude como ex-presidente, Sarney disse que sua posição foi a de voltar a ser “cidadão comum”.
Segundo ele, essa é uma maneira de mostrar ao povo o que é democracia. “É uma maneira didática de se mostrar ao povo o que é democracia, ver que um homem que foi eleito, que foi presidente da República, que teve os destinos do país na mão, ele está ali, como qualquer cidadão comum, empurrando a sua bagagem, entrando numa fila de aeroporto, entrando numa fila numa loja.”
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