
Se assim não for, suas atuações serão apenas um simulacro que no extremo deixam o chefe do poder e o próprio poder a mercê da boa-fé e da ética pessoal dos dirigentes. Nesse caso, tudo é possível e geralmente são causas maiores da malversação de recursos públicos, da corrupção, da falta de ética e do vale-tudo governamental que tira recursos que seriam aplicados em benefício social da população em gastos indefensáveis como benefício público.
No Maranhão, estado dominado por oligarquia longeva e danosa ao interesse público, existe democracia? Existe independência entre os poderes? Existe algum tipo de controle realmente efetivo sobre o Executivo? Existe qualquer tipo de controle interno no próprio executivo?
Uma matéria extensa e pormenorizada da revista The Economist, uma das mais conceituadas do mundo, diz que não e afirma que o estado funciona como um estado feudal, um feudo em que a lei é aquela que emana dos chefes da oligarquia e que paira sobre o arcabouço legal do estado, substituindo-o.
Aqui, o desejo da oligarquia e de seus governos tutelados é a própria lei e é a que verdadeiramente vale. Poder tal que é capaz até de impor o seu desejo de colocar membro proeminente da família no governo após derrota fragorosa nas eleições realizadas. Capaz de endividar o estado a seu bel-prazer, aprovando na Assembleia um empréstimo atrás do outro, sem se dignar nem a fingir que cumpre a legislação formal existente sobre o assunto e sem nem ao menos dizer onde o dinheiro vai ser aplicado como determina a lei.
A oposição, trabalhando como é de seu dever, acusa o absurdo do pleito, aponta suas falhas, fica indignada com o prejuízo das gerações futuras que obrigatoriamente terão que pagar pelos desatinos do atual governo, mas a grande maioria dos deputados se cala e permite o agravamento do endividamento do estado. Nessa marcha que vai, sem controle, a governadora Roseana Sarney dobrará em menos de cinco anos o montante da dívida do estado.
Para relembrarmos alguns fatos mais ou menos recentes, quando assumi o governo em 2002, após quase oito anos de dois desastrados mandatos da atual governadora, encontrei um estado inerte e sem controle fiscal, dependente de recursos federais para fazer qualquer coisa e com uma dívida interna e externa enorme. Para caracterizar essa situação insustentável que eu recebi, eis o que acontecia: pagávamos R$ 50 milhões por mês de dívidas internas e externas e arrecadávamos de ICMS, ou seja arrecadação própria, R$ 62 milhões no mesmo período, vivendo assim quase unicamente das transferências dos fundos constitucionais recebidos do governo federal. Assim, tudo caminha para a repetição do mesmo e danoso grau de irresponsabilidade fiscal após governos de Roseana Sarney.
E tudo isso é realizado sem nenhum controle, sem nenhuma observação, pois aqui controles não funcionam, já que ninguém quer se indispor com a oligarquia. É o quadro, sem retoque, descrito pela revista inglesa. Foi a soma de tudo isso que nos colocou como último estado da federação, e isso só pode ser consertado com a plena democracia funcionando efetivamente aqui.
Enquanto não a tivermos, teremos que assistir à farra dos empréstimos irresponsáveis; das dispensas de licitações de bilhões de reais com seu companheiro inseparável - o “sobrepreço”; com contratos milionários de marqueteiros do nada; com injustificáveis e suspeitos patrocínios de escolas de samba de outros estados; de programas caríssimos que não são concluídos e que a sua própria existência não se justifica, como os famosos hospitais inviáveis; assim como as UPAs, programa do governo federal, que aqui custam quatro vezes mais do que o estabelecido no portal do Ministério da Saúde; da farra de helicópteros; do aumento da criminalidade sem paralelo no Brasil; do fechamento de escolas, único estado a fazer isso no Brasil; das estradas da morte e do aeroporto de lona; dos restaurantes populares fechados depois de inaugurados em período eleitoral; da perseguição ao prefeito João Castelo que vai até a tentativa, malograda até agora, de cassação de seu mandato. E essa lista não acaba, ainda pode-se citar o fechamento por anos a fio da Biblioteca Pública do estado, um orgulho no passado; dos últimos lugares dos nossos alunos nos exames nacionais e tanta coisa negativa mais...
Mesmo assim, o prefeito Castelo conseguiu na verdade quebrar a rotina das notícias negativas sobre o Maranhão, ao ficar acima da média nacional como município prestador de serviços de saúde, levando o oitavo lugar entre as capitais e também pelo cumprimento de seu código de postura, notícia dada nacionalmente.
Enfim, embora passemos por um momento de abandono e desequilíbrio muito prejudicial à população do estado, nós vemos cada vez com mais esperança as eleições de 2014 como marco divisor do desenvolvimento econômico e social do nosso querido estado. “Vai passar”... Como diz a música de Chico Buarque.
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