Por José Reinaldo Tavares
O que realmente ela anunciou?
Sem dúvidas, a mais desconectada “reforma” administrativa da realidade e das necessidades do estado que jamais vimos por aqui. Nada de Secretarias com a finalidade específica de resolver problemas básicos do estado, tais como o analfabetismo, as energias alternativas, as mudanças climáticas, a comunicação, o ensino profissionalizante, etc. O que ficou foi a falta de foco na solução dos problemas básicos da população, a falta de objetivos e clareza de programas para suplantar a miséria e o subdesenvolvimento.
Em resumo: apenas ”mais do mesmo”.
Ficou claro que o único objetivo foi criar cargos em comissão - quase 1000 - e aumentar o número de secretarias de estado ou equivalentes, que chegam a quase 100 e fraudar a Constituição do Estado, que obriga concurso público e proíbe contratação de pessoal a qualquer outro título. Ela quer contratar apenas os apaniguados políticos e sem concurso. Um crime contra os jovens e a população em geral. Mas, sem dúvidas, o objetivo principal da tal reforma é o mesmo que a de 1998, e nisso é perfeitamente coerente: dar o poder de comando absoluto do governo ao marido, Jorge Murad.
Na teoria, a reforma concentrará todo o poder em Luiz Fernando, primeiro secretário nominal. Técnico conceituado, caberá a ele, formalmente, autorizar todo e qualquer empenho e despesa. Assim, todos os Secretários de Estado, Gerentes ou presidentes de órgãos descentralizados terão que se dirigir ao Chefe da Casa Civil, para serem autorizados a fazer despesas ou pagamentos.
A grande mudança é que não é mais o secretário do Planejamento quem administrará o orçamento. Deste modo, na prática, a pasta voltará a ser uma peça de ficção, como foi nos governos anteriores da dupla Roseana e Jorge.
Muita gente estranhou o fato inusitado protagonizado pela ida de Luiz Fernando para a Casa Civil, abandonando a prefeitura da terceira cidade mais populosa do estado. Mas para políticos experientes, ele só foi porque Jorge Murad e Roseana garantiram a ele a candidatura ao governo do estado em 2014 pela oligarquia. É o candidato que Jorge Murad quer para continuar por mais quatro a oito anos o modelo que encontrou para mandar no estado, sem contestação.
Pelo visto, a oligarquia, como as organizações italianas, já organizou a sua sucessão...
Isso sem contar que o candidato natural a sucessão de Roseana seria, politicamente, Edison Lobão que, aliás, teve mais votos que a própria Roseana, como ele colocou em outdoors espalhados por aí. E agora Lobão?
Jorge Murad na verdade já assumiu o governo, é quem manda e escolhe os ocupantes dos postos chave da administração. E nada será gasto sem a sua autorização. Mas desta vez não vai se expor. Agirá nas sombras. Quem o representará é Luiz Fernando e Roseana fará a representação política e dará as entrevistas. Tudo muito parecido com o que ocorreu entre 1998 e início de 2002, que resultou no pior governo de todos os tempos no estado, levando o Maranhão ao último patamar em todos os indicadores sociais. A chamada década perdida.
Com este imbróglio, o orçamento deixará de espelhar a realidade financeira do estado. No meu governo, Simão Cirineu elaborava propostas orçamentárias reais e cada secretário recebia seus duodécimos orçamentários sem precisar pedir autorização para ninguém. O empenho era solicitado e feito dentro desse entendimento e conceito. Às claras.
Agora o orçamento deverá ser supervalorizado, podendo até mesmo chegar ao limite da irrealidade, para permitir com mais facilidade a transferência de uma rubrica para outra.
Em outras palavras, volta tudo como era antes... Deputados e Prefeitos terão que aguentar Jorge Murad agindo com a dureza de sempre. Acabou a eleição. Vão sentir saudades dos governos democráticos do Maranhão entre 2002 e início de 2008. Não foi por falta de aviso...
A eleição de Roseana Sarney teve de tudo. Acabei de assinar ação pedindo a anulação de seu diploma conseguido com vícios insanáveis. Está tudo no processo. Com a palavra a justiça eleitoral.
Desejo a todos um excelente Natal, todos reunidos em família, e pleno de bons sentimentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário