Desde o episódio da Lunus, quando quer realmente encontrar bandidos, a Polícia Federal vem investigar no Maranhão. O Maranhão estava no Senado e escancarou-se uma sucessão de atos secretos fundados no tráfico de influência e no assalto a verbas públicas que por pouco não derruba o presidente do Senado, o senhor maranhense José Sarney.
Enquanto isso, a Polícia Federal investigava seu filho, empresário Fernando Sarney, por tráfico de influência, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e quase todos os crimes de corrupção tipificados no Código Penal. Em segredo de Justiça, porque a Justiça não devia, mas tem muitos segredos a guardar.
As eleições chegaram e no seu transcorrer a Polícia Federal desvendou uma sucessão de crimes eleitorais que incluem desde a distribuição gratuita de remédios destinados a hospitais públicos até a visão rocambolesca de um homem com sacos de dinheiro às portas de uma lotérica pagando contas de água e luz de bairros inteiros.
O senador Lobão foi indicado pela presidente eleita Dilma Roussef para o Ministério das Minas e Energias e lá estava o Maranhão, de novo, atolado em crime de corrupção, desta vez por relações mais que suspeitas do suplente do senador ministro, o senador Lobinho, com a violenta Máfia dos Combustíveis do Brasil.
Descobre-se agora que Pedro Novais, o indicado ministro do Turismo, telefonou para o empresário Fernando Sarney pedindo sua intervenção junto ao Tribunal Regional Eleitoral em favor do prefeito de Bacuri, Washington Oliveira. A relatora do processo: Nelma Sarney, tia de Fernando.
A resposta de Fernando sobre esse crime é que se trata de notícia “vazada criminosamente” . (Esperem um pouco, eu vou vomitar) E é isso o que importa. E por isso a sociedade não merece sequer uma resposta. O crime em si é um detalhe, mesmo que sua investigação aponte para um membro da Justiça, no mais alto escalão da Justiça, e para um ministro de Estado. Em outras palavras, criminosa mesmo é a polícia que gravou o que não era permitido gravar. (Esperem um pouco, eu tenho que vomitar de novo).
O Maranhão é uma vergonha. Isso aqui virou uma concentração de quadrilhas. É o lixão asséptico da sucata moral, o pardieiro preferencial do tráfico de influência e do suborno, a cloaca enrijecida da falta de princípios, o gueto final da ladroagem impune e do banditismo de gravata.
O telefonema do senhor Pedro Novais sugere exatamente o que todos nós estamos pensando: que no Maranhão é possível comprar a Justiça, exigir decisões da Justiça, ordenar o que a Justiça vai decidir; Meu Deus, que a Justiça obedece sem pestanejar às ordens da família Sarney!
O Maranhão é uma vergonha. Dá vontade de tomar o próximo disco voador, de esconder a naturalidade nos documentos, de não dizer em lugar nenhum, até por proteção física e resguardo ético, que se é maranhense. O Maranhão é a vergonha de todas as vergonhas no Brasil.
Dá licença, eu preciso vomitar mais uma vez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário