ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fechou o dia de ontem com os dois pés no Ministério da Saúde. A transferência é a solução encontrada pela cúpula do PT para que a bancada na Câmara dos Deputados indique o futuro ministro de Relações Institucionais de forma a diluir a crise interna entre os petistas que querem presidir a Casa. O desenho, entretanto, ainda dependia ontem de a presidente eleita, Dilma Rousseff, fechar o nome do futuro ministro de Relações Institucionais. Hoje, ela anuncia mais três ministros (leia detalhes na página 6).
Aliados de Vaccarezza, no entanto, garantem que, se ele for o candidato à pasta, nenhum aliado do governo se apresentará para concorrer à Presidência da Câmara. Além disso, ele foi o primeiro a se movimentar para o cargo, antes dos outros pretendentes, Marco Maia e Arlindo Chinaglia (PT-SP). Mas a presidente eleita ainda não tem certeza. Afinal, seria muito ruim para o governo começar perdendo a Presidência da Casa (leia detalhes sobre a disputa ao lado).
Bolsa Família
Por causa dessas dificuldades, a tendência é que o anúncio do nome de Padilha na Saúde seja feito apenas na semana que vem, com outro grande ministério da área social, que também afunilou para uma solução ontem. No Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, responsável pelo Bolsa Família, há uma tendência pela indicação de Tereza Campelo, atual assessora especial da Casa Civil. Tereza, por outro lado, ainda precisa ser avalizada pela legenda. As chances de Márcia Lopes continuar no Desenvolvimento Social caíram com a confirmação de Gilberto Carvalho, irmão dela, na Secretaria-Geral. Informalmente, petistas elogiam Tereza Campelo como um quadro da legenda capaz de assumir qualquer posto na Esplanada.
O outro grande cargo que o PT ainda tem para indicar é o Ministério do Desenvolvimento Agrário, no qual os governadores petistas do Nordeste — Jaques Wagner (BA) e Marcelo Déda (SE) — oferecem o nome do senador eleito Wellington Dias (PI). Dias, entretanto não é da Democracia Socialista, tendência do PT que tem o cargo hoje. E, no PT, se cada tendência não estiver contemplada, avaliam alguns, é problema na certa.
FIRMADO RODÍZIO NA CÂMARA
» O vice-presidente eleito e presidente do PMDB, Michel Temer, e o presidente do PT, José Eduardo Dutra, assinaram, ontem, um documento que garante o rodízio entre os partidos na Presidência da Câmara dos Deputados durante o governo de Dilma Rousseff. Cada legenda ficará com um biênio. O acordo selado, no entanto, não faz referência à Presidência do Senado e nem estabelece qual será o partido que indicará um candidato para o primeiro biênio. Verbalmente, os presidentes teriam decidido que a Presidência da Casa será assumida inicialmente pelos petistas.
Sem acordo interno
Os petistas tentam, sem sucesso, fechar um acordo interno para indicar o candidato a presidente da Câmara por consenso. Ontem, por exemplo, os deputados Luiz Sérgio (PT-RJ) e João Paulo Cunha (PT-SP) passaram horas reunidos com o vice-presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), com o intuito de tentar afastá-lo da disputa e apoiar Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Maia não arredou o pé, pois avalia que pode vencer na bancada. Afinal, ele assumirá a Presidência da Casa oficialmente no dia 15, quando o atual presidente, Michel Temer (PMDB-SP), renunciará ao cargo para ser diplomado vice-presidente da República. Seria assim, naturalmente, candidato à reeleição.
Essa equação levou a equipe de transição a cogitar elevar Vaccarezza à condição de ministro, embora ele tenha a maioria dos 48 votos que compõem a ala majoritária do PT, que atende pelo nome de Construindo um Novo Brasil. A outra tendência com candidato à disputa é o Movimento PT, do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que terá 11 votos. A Mensagem ao Partido, com 23 deputados, e a ala mais à esquerda, que tem outros seis, é que estão em disputa hoje.
Sombra
Além dos problemas internos, o PT tem a sombra de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que começou a telefonar para os novos deputados a fim de montar uma base para ser candidato a presidente da Casa. Se não houver um nome de consenso, o PT ainda corre o risco de ver o PMDB lançar seu líder, Henrique Eduardo Alves (RN), para a disputa.
Embora Alves esteja fechado com Vaccarezza, há resistências no chamado baixo-clero do PMDB, que, insatisfeito com o resultado da divisão de poder no futuro governo Dilma, ameaça dar o troco aos petistas escolhendo um nome de outro partido para presidir a Câmara. (DR e TP)
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