quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Helena faz retrospectiva do mandato e agradece contribuições


O último discurso da atual legislatura coube à deputada petista Helena Barros Heluy, que se despede do mandato perto de completar dez anos de atuação na Assembleia Legislativa, em 02 de janeiro de 2011. A parlamentar falou de sua vivência, desde a Câmara de Vereadores, onde conviveu com vários colegas que reencontrou, depois, no parlamento estadual.

Além da Câmara de Vereadores e do Legislativo estadual, Helena citou, como escola parlamentar, os congressos estudantis secundaristas e universitários, início da vida política de vários parlamentares, caso do jovem secundarista Tatá Milhomem, Luis Rocha, Pedro Américo, Aimar Mesquita, Almir Marques, Léia Mata, Nonato Cruz, Joaquim Nagib Haickel, Nazaré Gomes e outros, que, segundo ela, ajudaram a construir sua visão de democracia, como princípio, valor e desafio permanente na sua construção.

Contou que, em 02 de janeiro de 2001, chegava à Assembleia Legislativa, com alegria e a tarefa de substituir seu companheiro do PT, Jomar Fernandes, eleito, na época para prefeito de Imperatriz.

“Foi nesse contexto que cheguei a esta Casa Legislativa. E pretendo, com este meu pronunciamento, concluir a contagem regressiva que iniciei no último dia 14”, observou parlamentar, pedindo atenção de deputados, imprensa, funcionários, galeria e internautas, à retrospectiva, que começou com a lembrança de seu primeiro pronunciamento da tribuna da Assembleia, no velho e histórico prédio da Rua do Egito, em 19 de fevereiro de 2001, uma segunda-feira.

Do primeiro discurso, resgatou as lutas do povo de Barão de Grajaú contra o Vitorinismo (final dos anos 40), a luta das oposições coligadas, que eclode com a greve de 1951 contra a corrupção eleitoral. Lembrou que trazia os sonhos de liberdade, justiça e democracia que moveram e alimentaram estudantes, professores, jornalistas, advogados, trabalhadores do campo e da cidade, religiosos e políticos comprometidos com a luta do povo, homens e mulheres que, por esses sonhos, sofreram as atrocidades da ditadura militar. Entre os exemplos das melhores lições de respeito, autenticidade, caráter, responsabilidade, simplicidade e seriedade no trato da coisa pública, Helena citou o pai, Ranulfo Barros, telegrafista que somente se afastou da função para exercer o cargo de deputado constituinte de 47, “impregnado de todas aquelas virtudes que parecem desaparecer, hoje”. Ali, segundo ela, começou sua vivência, na Assembleia, aos cinco anos de idade, levada por seu pai, “mestre, da desambição e da coerência”.

Helena citou o orgulho pela amizade de mulheres céleres, como Noca Santos e Maria Aragão, homenageadas por Helena como exemplos da bravura feminina, principalmente por haverem sabido quebrar os preconceitos no mundo da política. A deputada frisou, como marco de sua vida, o compromisso com sua comunidade de fé, a Igreja que, que declarou sua opção preferencial pelos pobres, na Assembleia dos Bispos da América Latina Puebla, em 1979, “reafirmando o magistério proclamado por Jesus”. Disse que aprendeu com o Sermão da Montanha que os mais felizes são os que ouvem a palavra e a põem em prática, o grande desafio da vida porque impele a romper com toda estrutura iníqua de poder sem fazer concessões, levando a uma ação transformadora da sociedade, a partir do próprio testemunho de vida na realidade concreta.

ONTEM E HOJE

O discurso que inaugurou a chegada de Helena à Assembleia salientava o compromisso do mandato de dar voz aos milhares de maranhenses que clamam por direitos elementares, como saúde, educação, terra para morar e trabalhar, salário justo, segurança e vida digna e abundante. O mandato se propunha ser fundamentado nos princípios da transparência e participação popular. “Mantenho isto com muita clareza, como um grande desafio, indo buscar nos movimentos sociais, nas pastorais e na indignação de tantos a essência para que seja realmente um instrumento de democratização do mandato”, disse, lembrando que, em 2001, parlamentares aprovavam o projeto político-administrativo, cujo resultado tinha o “saldo dos índices terríveis, apontados naquele pronunciamento” e contestados por ela em discurso que alertava sua postura como representante do povo no Legislativo: “Não me calarei, ao presenciar qualquer forma de injustiça; não farei vistas grossas, ao me deparar com irregularidades praticadas pelos poderes constituídos. Estarei permanentemente combatendo a corrupção e o mau uso do dinheiro público, denunciando em todos os espaços possíveis”.

Ao olhar para trás, Helena ressaltou : “poderia até repetir o apóstolo Paulo, combati o bom combate, e guardei a fé, mas deixo que os senhores julguem o meu comportamento, ao longo do tempo”, disse, dirigindo-se aos deputados, galeria, imprensa, funcionários da casa e internautas.

AGRADECIMENTOS

Nas lembranças, o aprendizado com assessores, companheiros de partido, comunidade acadêmica, MST, sindicatos e sindicalistas e todos que fazem a retaguarda para o exercício do mandato centrado no tripé: transparência, inversão de prioridades e participação popular. Na lista, incluiu também os trabalhos das comissões da Assembleia, audiências públicas, sessões especiais e solenes. Entre os momentos significativos da vida no Poder Legislativo do Maranhão, ressaltou a queda do princípio da reeleição; a elaboração do novo Regimento; a CPI do Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes, dos Meninos Emasculados e do Trabalho Infantil; a realização do primeiro concurso para consultores, cujos frutos são excelentes; a Assembleia Itinerante, a experiência da inserção do Legislativo na periferia de São Luís, através do Projeto Sol Nascente; a ampliação e desenvolvimento da Creche Sementinha; a construção do novo prédio e consequente mudança.

“Mas vi também com tristeza, o retorno do princípio da reeleição. Onde se deu o casuísmo? Em 2003, ou agora, ou nos dois? Desculpem a irreverência, é uma saudável irreverência”, questionou.

Destaque também à experiência dos conselhos políticos, sessões de estudos e a seleção que o gabinete promoveu para estagiários, na área jurídica, em 2001. Homenageou, em memória, assessores que “nessa caminhada se apressaram e já estão em outra dimensão: Josué Pedro, de Santa Luzia; Doracy, de Santa Rita, Leno Coelho, AJ, professora Iêda Batista, Neuma”. Agradeceu aos familiares, que a acompanharam, “criticando ou não, aprovando ou não, apoiando ou não, em todos os momentos”. Ao PT agradeceu por seu mandato e dos demais parlamentares do partido e registrou a alegria de ter vivenciado, na Casa, as extraordinárias emoções da vitória de Lula a presidente do país e da primeira presidenta do Brasil, Dilma Rousseff. “Foram instantes eminentemente políticos, mas também instantes extremamente de humanidade para todos nós”, enfatizou.

Agradeceu aos assessores, citando cada um como “extraordinárias figuras que ajudaram, questionaram, questionam e vão continuar questionando, numa perspectiva crítica e extremamente construtiva” e manifestou também gratidão às secretarias das comissões permanentes, funcionários da Casa, prestadores de serviço, garçons, funcionários do Banco do Brasil, militares e seguranças, consultores legislativos, assessores da Mesa Diretora e todos que “contribuíram para o agir parlamentar”.

Disse que aquele momento não era uma despedida e que pretende cultivar as amizades plantadas, na Assembleia: “as minhas amizades integram o meu patrimônio de joias raras; valorizo cada amigo e cada líder”.

Em aparte, Helena foi homenageada pelos deputados Joaquim Haickel e César Pires. Ela encerrou o discurso, dizendo que sai da Assembléia com o lamento de não ter havido tempo hábil para a apreciação do projeto de lei que institui o Dia Estadual de Combate aos Despejos Forçados, em parceria com Chico Gomes.

“Lamento bastante porque não vamos estar, nem eu nem Chico Gomes, mas espero que aqueles que continuarem, os jovens que estão entrando e os que já estão aqui, possam dar continuidade a esta luta pelo direito à terra para trabalhar e nela morar também”.

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