Por José Reinaldo Tavares
Meus amigos, eu sou capaz de garantir que a governadora Roseana Sarney não está lendo, ou não tem sido informada das estatísticas preparadas pelo IBGE. Tampouco dos trabalhos do IPEA sobre pobreza e muito menos tomou conhecimento do programa da presidente Dilma Rousseff, que foca o seu governo na erradicação da pobreza absoluta. Roseana nem leu nem deve ter se importado com o que está ali escrito. Nem deve ter se dado ao trabalho de se interessar pelo que veio fazer o técnico do IPEA que esteve aqui em viagem preparatória do lançamento do programa mais importante do atual governo federal, que é de combate a pobreza.
O IPEA mandou dizer que o Maranhão tem um passado vitorioso no combate a pobreza, pois entre 2004 e 2009 o Maranhão tirou da pobreza absoluta mais de oitocentos mil conterrâneos, conseguindo o maior índice de sucesso em todo o país, pois 47% desse extrato social no estado teve renda para sair da pobreza absoluta, enquanto o Nordeste conseguiu 40% de sucesso e o país 43%. Mas nesse período eu governava o estado e depois de mim, Jackson Lago. Época completamente diferentes dos governos de Roseana Sarney, que, por sinal, quando assumiu, acabou com todos os programas de combate a pobreza que fizeram a diferença no Maranhão.
Digo isso porque na inauguração de um desses fantásticos hospitais de “alta complexidade” na semana passada, ela disse que o Maranhão não tem pobres e que isso é pura invenção da oposição, que se recusa a ver a maravilhosa transformação do Maranhão e os mais de quatrocentos mil empregos que ela trouxe - embora ninguém saiba onde eles estão.
E o que causa espanto é que Roseana Sarney, que foi colocada no governo por uma exótica decisão da justiça eleitoral, é governadora do estado mais pobre do Brasil, com mais de um milhão e setecentos mil maranhenses vivendo na pobreza absoluta, cerca de 28% da população do estado. O Nordeste tem 20% e o Maranhão é o recordista negativo desse ranking vergonhoso. Até por extensão ela deve achar que a presidente Dilma não sabe o que está fazendo ao lançar um programa com dados certamente fornecidos pela oposição, deve imaginar Roseana. Ora, mas se o estado mais pobre não tem pobreza nenhuma é de certo modo justificada a incredulidade da governadora...
Não se sabe o que a governadora anda fazendo para não encontrar pobres no estado (quase um terço da população). Entre os seus amigos certamente ela não encontrará pobres. E de helicópteros e em reuniões cuidadosamente montadas no interior é que ela deve estar se baseando para fazer afirmações alienadas como essa. Se a governadora não conhece a pobreza dos maranhenses, do seu governo é que não pode se esperar nada mesmo em benefício da população. Para ela, governar é fazer vias expressas complicadas...
Desde Lula que os governantes ousam em declarações que não guardam coerência com a realidade. O senador Sarney há anos experimenta várias versões, tentando explicar a cruel pobreza do Maranhão. Como não conseguiu convencer ninguém com o que falou, passou também a tentar desconhecer a pobreza, sacando dados fora do contexto para mostrar que o Maranhão não a tem. Chegou a afirmar em entrevista que foi Jackson Lago quem inventou esses dados.
Não acredito na alienação de Roseana. Ela apenas tenta fazer o que Lula sempre fez, mas acontece que Lula fez um bom governo e tinha muito crédito. Apenas exagerava. Não é possível que Roseana Sarney desconheça a realidade. Ela apenas, como não tem interesse real na solução de problemas difíceis, mas não impossíveis de resolver, tenta “empurrar o assunto com a barriga”, como se diz.
Mas ao desconhecer o principal problema do estado, ela mais uma vez aprofunda o atraso do estado pois na história não há exemplos de povos desenvolvidos em meio a tão intensa pobreza.
Por tudo isso o governo atual será um desastre e não trará nenhuma solução para o nosso estado.
E Roseana Sarney continua se achando acima das leis. Esse pensamento a leva a não considerar as leis, como se estivesse acima delas, e acaba por apenas transferir problemas para a frente. Eu até acredito que em referencia a lei 11.738/2008, que estabelece o piso salarial nacional para a carreira do magistério, ela certamente votou pela aprovação no congresso, como senadora da época, como até deve ter feito muita “média” com os professores. Nada disso é importante agora no governo, pois ela não teme a justiça, já que esta nunca a alcança.
Já existe decisão final do Supremo definindo o assunto e já é obrigatório pagar, mas não é assim para Roseana. Pelo menos é o que ela pensa. Se não fosse assim, ela não chamaria o Sinproesemma para apresentar uma proposta indecorosa, pois apenas promete um aumento de 26% escalonado em quatro anos e incorporação de 80% da Gratificação por Atividade do Magistério (GAM).
O piso nacional que já devia estar sendo pago estabelece o valor inicial de R$ 1.187,00 e Roseana, que paga atualmente R$ 854,98, só quer pagar R$ 902,02 a partir de agora e ainda quer convencer os professores a se contentarem com apenas R$ 1.077,27 daqui a quatro anos. Ou seja, menos R$ 109,73 do que já deveriam ganhar. Parece gozação e vai ver que é mesmo... Depois os professores fazem greve e são eles que estão extrapolando.
E por fim, acostumados a manipular tudo, o jornal Estado do Maranhão publicou em seu caderno do dia 8 de setembro uma fotografia da “litorânea” muito bonita, mas qualquer pessoa mais atenta vai ver que é de outro lugar. No caderno especial dedicado a São Luís, feito para faturarem mais um pouco, acabam por desrespeitar a cidade.
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