Jornal pequeno
Folha de São Paulo
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), usou um helicóptero da Polícia Militar do Maranhão para passear em sua ilha particular duas vezes neste ano. A aeronave foi adquirida no ano passado para combater o crime e socorrer emergências médicas. Foi paga com recursos do governo estadual e do Ministério da Justiça e custou R$ 16,5 milhões
Sobre helicóptero, em tom de ironia Simon compara Sarney ao papa
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) recorreu à ironia para comentar a notícia, publicada hoje (22) pelo jornal Folha de S.Paulo, de que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), utilizou um helicóptero da Polícia Militar do Maranhão para se deslocar de São Luís para sua ilha no litoral próximo à cidade. “Sarney é que nem o papa. Há 30 anos, o que ele faz está feito”, resumiu, resignado. Como informou o jornal, um cidadão com traumatismo craniano e clavícula quebrada teve de esperar a aeronave atender primeiro ao ex-presidente da República, que disse em nota não ter infringido lei alguma.
Pedro Simon, um dos líderes da frente parlamentar suprapartidária de combate à corrupção, comparou José Sarney (PMDB-AP) ao papa, afirmando, em tom de ironia, que ele está “acima do bem e do mal”. “O Sarney é uma figura institucional, ele é que nem o Papa, se usou, usou bem. Não sei nem de quem foi, nem por que foi, usou e pronto. Não precisa explicar nada pra ninguém”, criticou o gaúcho.
Confrontado com a informação de que o passeio de Sarney prejudicou o atendimento de um cidadão acidentado, Simon prosseguiu na ironia. “Mas era hora de esse cidadão ficar doente? [Que ele] esperasse o Sarney fazer o passeio e, depois, ficasse doente. Não adianta vocês cobrarem de mim, Sarney está acima do bem e do mal”, resignou-se o peemedebista. “Há 30 anos, o que ele faz está feito.”
Simon deu como exemplo de tal “soberania” o fato de, em 2009, durante a escolha do novo presidente do Senado, o então presidente Lula ter orientado os senadores do PT a não votar no próprio representante do partido, o atual governador do Acre, Tião Viana. Em nome da aliança com o PMDB e das boas relações na base governista, Lula queria o voto da bancada em Sarney– que acabaria por assumir, pela terceira vez até então, o mais importante posto do Legislativo brasileiro (o senador já está no quarto mandato não consecutivo à frente da Presidência da Casa). Na atual legislatura, venceu a disputa contra Randolfe Rodrigues (Psol-AP), que surpreendeu ao receber oito votos (relembre e assista aos vídeos com os discursos dos concorrentes).
Simon classificou como “ridículas” caronas como a do agora ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, demitido após viajar em jatinho de empresa privada beneficiada em contratos com a pasta. “É evidente que não pode. Isso é uma coisa ridícula, nunca pôde. Até houve um momento em que o governo do Lula tinha determinado que [autoridades] só podiam viajar nos aviões da FAB a trabalho. E, principalmente em fins de semana, não poderiam viajar para seus estados”, observou o senador, lembrando ainda, sem citar nomes, que determinados ministros recorriam ao privilégio junto à Força Aérea em “dois terços” dos finais de semana.
“Se, por princípio de ética, o governo determinou que nem nos aviões da FAB podem viajar, a não ser a trabalho, quanto mais em avião de uma empresa que tem negócios com o ministério. Isso é uma coisa que não precisa nem perguntar, é de um ridículo total”, acrescentou.
Simon lembrou que Sarney está há mais de 30 anos no poder e, na última eleição para a presidência do Senado, teve o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desprezou o candidato do PT, Tião Viana (AC). Simon lembrou que votou no petista, mesmo Sarney sendo de seu partido.
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