sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Fraude que mata

Editorial

Há muito tempo o jornalismo do Maranhão não produzia uma denúncia tão séria como a publicada pelo médico, vereador e jornalista Chico Viana em reportagem especial para o Jornal Pequeno.

Os detalhes, as indicações dos sites, a crueza dos números indicam uma verdade quase irrespirável: uma monumental fraude do Sistema de Saúde do Estado contra o SUS pode estar matando gente. E muita gente.

Registrados no Ministério da Saúde e no Data SUS estão 207 hospitais conveniados para prestação de serviços de emergência à população. Onde? Onde é que existem 207 hospitais de emergência no Maranhão se metade dos pacientes dos hospitais de emergência de São Luís vêm do interior do Estado?

Essa reportagem tem que chegar ao Ministério da Saúde, ao SUS para que seja feita uma devassa no Sistema de Saúde do Estado. O Ministério Público tem que tomar uma atitude drástica e urgente. Alguém tem que ir parar na cadeia por atentado contra a saúde pública; não há outro caminho. Dados forjados na Saúde sugerem corpos fraturados, sugerem sangue, doenças letais... Sugerem morte.

Conforme a denúncia do vereador Chico Viana, no Piauí, onde 82% da população se diz satisfeita com o Sistema de Saúde, existem 131 estabelecimentos estaduais. O Maranhão registra 30, mas na verdade não dispõe sequer de uma dúzia. E onde estão os 75 hospitais da farsa governamental de Roseana Sarney?

É de estarrecer. É uma loucura sem tamanho. As pesquisas do vereador indicam que para o Ministério da Saúde em todos os municípios maranhenses existem unidades cadastradas prestando serviços ao SUS e num total astronômico de 3.789, das quais 1705 municipais. Um absurdo sem tamanho. Esta é, provavelmente, a maior farsa já produzida no Maranhão, senão no Brasil.

A fraude confere 13.837 leitos. Destes, 6726 para internação em unidades municipais, 837 em estaduais e 435 em unidades federais. E mais: 5.123 leitos em estabelecimentos privados conveniados com o SUS, totalizando 13.121 leitos pagos pelo poder público. “Se isso fosse verdade, o Maranhão seria exemplo mundial em assistência médica”, diz Chico Viana, que fala com conhecimento de causa por se tratar de um médico conhecido em todo o Maranhão.

Há outros dados. A matéria é longa e o tamanho dessa fraude contra a saúde pública é coisa para estudo de psiquiatras e psicólogos que sejam capazes de definir até onde vai a demência de gestores públicos e privados capazes de roubar saúde, de adoecer e matar o povo, simplesmente.

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