Brasília – A família do presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) não autorizou a imprensa acompanhar o velório do filho caçula de Flávio Dino no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília. Diversos políticos acompanham o velório de Marcelo Dino Fonsêca de Castro e Costa, 13, que morreu na manhã desta terça-feira após uma crise asmática.
A Polícia Civil do Distrito Federal vai instaurar inquérito para investigar as causas da morte. A família registrou boletim de ocorrência na manhã desta terça-feira, por conta de uma possível demora no atendimento ao menino, internado na segunda-feira com crise asmática. Familiares disseram que estão muito abalados com a morte e pediram para que os jornalistas se afastassem. Do lado de fora do velório, era possível observar a presença de inúmeros colegas de escola do menino.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB), compareceu ao velório. O vice-presidente, Michel Temer, Gilmar Mendes, ministro do STF, o ministro do Turismo, Gastão Vieira, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, e Luís Inácio Lucena Adams, da AGU, participam do velório.
O senador Sérgio Petecão (PSD-AC) disse que foi ao velório prestar solidariedade a Dino e que também é pai de um menino de 13 anos. “Não consigo imaginar que em uma cidade como Brasíla aconteceu uma coisa dessas. Se isso acontece com uma pessoa como ele, imagine com uma pessoa comum”, afirmou o deputado.
Uma mulher que participou do velório disse a jornalistas que o clima “está péssimo” e que o pai do menino não se conforma com a morte. A suspeita de negligência é comentada pelas pessoas. Durante o velório, o pai disse a todos que conversou com dez médicos e todos me disseram que ninguém morre de asma.
O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) disse que “qualquer suspeita de negligência deve ser apurada”. “Um médico tem que zelar e ter cautela em todo caso. Ele fez um juramento pela vida. È natural que uma perda como essa deixe qualquer pai desprotegido emocionalmente”, disse Valadares.
O enterro deve ocorrer somente nesta quarta-feira (15), às 10h, porque o pai pediu a realização de autópsia.
Investigação
Marcelo Dino era o filho mais novo do presidente da Embratur. Ele passou mal na segunda-feira pela manhã quando fazia uma atividade física no colégio Maristas, onde estudava.
Levado para o Hospital Santa Lúcia, ele foi internado na UTI – primeiro na unidade adulta e, a seguir, na pediátrica. O delegado Anderson Espínola, que investiga o caso, informou que o quadro de saúde do garoto teria melhorado ao longo do dia e da madrugada, de segunda para terça-feira.
Às 5h30 desta terça, a equipe médica do hospital ministrou o remédio Solu-cortef, indicado para o tratamento de crises de asma. Cerca de 15 minutos depois, Marcelo começou a sofrer nova crise, dessa vez mais aguda. O óbito teria ocorrido às 6h15, segundo o delegado, por insuficiência respiratória. Ele afirmou que essa informação teria sido dada pelo hospital, mas enfatizou que é preciso aguardar o resultado do exame do Instituto Médico-Legal.
Já o Santa Lúcia informou que a morte ocorreu por volta das 7h e que a causa só será conhecida após laudo do IML. Segundo o hospital, esse é o “procedimento-padrão nos casos em que não ficam esclarecidas (sic) os fatores do óbito”.
O delegado Espínola disse ter informações de que Marcelo já teria tomado o medicamento Solu-cortef em ocasiões anteriores, sem complicações. Ele afirmou que o objetivo da investigação é esclarecer não só a causa da morte do menino, como também avaliar a adequação dos procedimentos médicos adotados pelo Hospital Santa Lúcia desde a internação, na segunda-feira, até o falecimento na manhã desta terça.
Segundo Espínola, a mãe de Marcelo, Deane Maria, estava com o menino na UTI, quando ele não conseguia mais respirar. Nesse momento, conforme relatos da família à polícia, é que os médicos teriam demorado a agir. O boletim de ocorrência foi registrado pelo tio de Marcelo, o procurador da República Nicolao Dino.
- Teria ocorrido demora no atendimento dos profissionais dentro da UTI, bem como uma demora na liberação dos medicamentos que seriam ministrados na vítima – disse o delegado, enfatizando que não está claro ainda o que de fato ocorreu.
Ele pretende ouvir médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, familiares, professores e profissionais da escola de Marcelo.
O Hospital Santa Lúcia lamentou a perda e solidarizou-se com familiares e amigos do garoto. A nota divulgada pelo hospital diz que “o paciente deu entrada no hospital no início da tarde de segunda-feira (13/fev), apresentando quadro clínico grave de crise asmática e foi imediatamente encaminhado para a UTI”.
Leia a íntegra da nota do Hospital Santa Lúcia:
“Esclarecimento à Imprensa
A Direção do Hospital Santa Lúcia informa sobre a morte do paciente M.D. nesta manhã de terça-feira (14/fev):
- O Hospital Santa Lúcia lamenta a perda e se solidariza com os familiares e amigos de M.D;
- O paciente deu entrada no Hospital no início da tarde de segunda-feira (13/fev) apresentando quadro clínico grave de crise asmática e foi imediatamente encaminhado para a UTI. Na anamnese, os familiares relataram à equipe de atendimento que M.D. possuía asma crônica e era usuário de bronco-dilatadores, e que naquela manhã havia tido uma grave crise durante práticas esportivas escolares – com perda de consciência;
- O paciente passou a noite consciente, em monitoramento na UTI, com quadro estável;
- Por volta de 6h desta terça-feira, o paciente queixou-se de desconforto e dificuldade para respirar. Foi verificado quadro súbito de piora de oxigenação e a equipe responsável pela assistência iniciou os procedimentos emergenciais;
- O paciente não respondeu às manobras de reanimação e veio a óbito por volta de 7h, quando a família foi comunicada;
- A causa da morte só poderá ser conhecida após laudo do Instituto Médico Legal, procedimento-padrão nos casos em que não ficam esclarecidas os fatores do óbito;
- O Hospital Santa Lúcia solicitou à Promotoria de Saúde do Ministério Público do Distrito Federal que efetuasse a apuração dos procedimentos realizados pelo hospital, com amplo acesso aos prontuários, equipamentos, medicamentos e instalações utilizados;
- O Hospital Santa Lúcia está à disposição dos órgãos competentes para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.
Brasília, 14 de fevereiro de 2012.”
(Com informações do iG e O Globo).
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