terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Tudo obter para poder desprezar


 POR JOSÉ REINALDO TAVARES



Frase marcante de Maurice Barrès, escritor político francês, intelectual e nacionalista de grande expressão no século passado.
Essa frase parece exprimir à perfeição o que se passa com Roseana Sarney, que exerce um governo desinteressado e alheio ao que se passa no estado. Um governo preguiçoso e medíocre, em que fatos negativos se sucedem sob o olhar complacente da governadora.
E observem que enfrentou uma luta imensa para voltar a ser governadora do estado após histórica derrota em 2006. Moveu céus e terras para primeiro depor Jackson Lago, legitimamente eleito naquele pleito, e conseguindo, sabe Deus como, uma decisão do TSE que nunca se tornará jurisprudência, pois atropelou a lógica, as leis e a constituição. Sim, pois só assim poderia assumir o governo.
Depois, para se manter no poder, Roseana disputou a 'reeleição' e lançou mão de tudo para vencer, desde a presença de Lula e Dilma, a inconsequência propagandista de Duda Mendonça e, como tudo isso se revelou insuficiente, pegou empréstimos e quase quebrou financeiramente o estado, em uma orgia de gastos eleitorais como nunca antes houvera no Maranhão. Isto sem contar as promessas mirabolantes, como a de 72 hospitais no interior, que ela jurava que estariam funcionando no final de 2010, e a construção de ponte com projeto digno de ficção científica que envolveria São Luís, resolvendo a questão do trânsito na capital. Não bastasse isso, prometeu ainda a criação de mais de 400 mil empregos, que viriam de fantásticas refinarias e de uma quantidade nunca vista de empresários que não podiam resistir ao apelo da governadora e subitamente perderiam o medo da oligarquia e viriam para cá correndo. Enfim, tudo ilustrado por um trem sem janelas que passava e levava o Maranhão para o progresso, conforme a imaginosa propaganda de Duda Mendonça, e muito, muito mais...
E tudo isso para quê? Pergunta-se. Seria o 'tudo obter para depois desprezar', como caracterizou Maurice Barrès, comentando caso semelhante? Só Roseana Sarney poderia esclarecer o que acontece, o porquê de tanto abandono e desinteresse. Entretanto, ocorre que esse estado de letargia está levando o Maranhão rapidamente para o atraso, a pobreza vai aumentando e, em consequência, alargando o fosso entre o que o Maranhão poderia ser e o que restará dele quando Roseana terminar o seu nefasto mandato.
Se ela percebesse o que acontece, pararia imediatamente de jogar dinheiro fora em vias expressas que nada resolverão, em hospitais que nunca funcionarão e tanto desperdício mais e iniciaria imediatamente um grande programa de combate a pobreza e assistência as famílias situadas abaixo da linha de pobreza, assim como um programa prioritário para melhorar a educação do estado.
A crise na Europa não parece sinalizar com um final próximo, a China desacelera, os EUA, que vinham se recuperando, sentem o problema europeu que a cada dia arrasta mais países como Grécia, Portugal, Espanha, Itália e outros... O Brasil, que se afirmava imune, já dá fortes sinais de desaceleração, como no terceiro trimestre que teve crescimento zero do PIB.
Mas Roseana, encastelada no palácio, só pensa em perseguir João Castelo, em busca de um dinheiro que quer tomar violentamente da prefeitura e que foi destinado a importantes obras em São Luís. Ao mesmo tempo, se recusa a dizer onde está o dinheiro do empréstimo de R$ 1 bilhão que tomou em duas parcelas do BNDES. Ela se recusa a responder à Assembleia onde o dinheiro foi usado!
As inaugurações da governadora se resumem a UPAs, que fazem parte de um programa do governo federal realizado com recursos federais. Na outra ponta, ela massacra os servidores do estado, chegando até a lhes tomar o Hospital dos Servidores, pago com recursos descontados dos mesmos. Avançou sobre o hospital e mandou-os para o SUS, passando por cima dos seus direitos. Hoje os servidores não conseguem marcar exames e consultas, um presente inesperado da governadora.
E agora o presidente do Senado, o senador José Sarney, parte para transformar a polícia legislativa, que deveria ter sua atuação limitada a segurança das dependências da Câmara e do Senado em uma polícia pessoal. Ele agora resolveu autorizar a compra de equipamentos de rastreamento eletrônico e escuta que, segundo o Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Alexandre Camanho, a Polícia Legislativa (que é apenas um nome pomposo para uma segurança institucional) não tem competência legal para usar. 'Hoje o próprio estado tem um monitoramento das escutas que ele faz e o uso dessa tecnologia. A Polícia do Senado vai pedir autorização para quem e com que finalidade vai fazer essas interceptações?', questiona Camanho.
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, esses equipamentos deveriam ser usados apenas pela Polícia Federal e pelas polícias estaduais, seguindo critérios rigorosos. 'A intimidade e a privacidade são garantias constitucionais e que não podem ser invadidas sem o devido processo legal. Se o estado passar a atuar como detetive particular, nós deixamos de viver em um estado democrático de direito', afirma o advogado. 'Essa aquisição do Senado é sem propósito. A Polícia Legislativa não tem autonomia para fazer esse tipo de investigação e se há uma possibilidade de atentado ao Senado, a Polícia Federal é que tem que agir. Não há justificativa plausível para gastar dinheiro da nação para bisbilhotar'.
A Polícia Legislativa está conduzindo inquéritos, se armando e dando choque nas pessoas, produzindo episódios de abuso de poder como aconteceu há poucos dias em uma manifestação nas dependências do Senado.
É ilegal, mas o presidente do Senado, José Sarney, não dá a menor importância. Escutas fazem parte do arsenal dos autocratas e o que se faz no Senado não faz parte da democracia. Aqui no Maranhão, a revista Veja, na seção Radar, informou que durante a greve da Polícia Militar, o secretário de Segurança Pública do Maranhão embarcou para Israel como parte de uma comitiva que tinha a missão de adquirir equipamentos de última geração para escuta e espionagem das pessoas. E olhem que aqui já havia o Guardião, aparelho capaz de fazer 200 grampos de telefone simultaneamente além de ler e-mails.
É a grampolândia de Roseana, da qual ninguém escapa…

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