Na última quarta-feira (30) foi comemorado, em Brasília, o Dia do Evangélico. Como presidente da Embratur, fui convidado a participar do 3º Fórum Nacional de Evangelização e Discipulado, realizado pela Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. O evento foi organizado por duas importantes lideranças religiosas de nosso estado, o pastor Raul Cavalcanti e o pastor Porto.
Nos debates, sobre a oportunidade de atuação da Assembleia de Deus e outras igrejas durante a Copa, surgiu a preocupação de alguns pastores com a possibilidade de aumento da exploração sexual de crianças e adolescentes durante os megaeventos que o nosso país irá sediar entre 2012 e 2016. A Embratur também tem preocupação permanente com esse tipo de crime, desenvolvendo várias ações visando combatê-lo. Por isso, abri as portas da Embratur para propostas de parcerias com entidades sociais e religiosas, a fim de que atuemos em conjunto contra essa violação dos direitos humanos, agindo cada instituição em sua área de competência (no nosso caso, no âmbito da promoção internacional).
Outra preocupação levantada pelos pastores foi com relação às drogas. Todos nós, no Maranhão, sabemos do martírio que nossos jovens e nossas famílias têm sofrido com o crescimento do uso do crack, o que vem se verificando em praticamente todo o território maranhense. De todas as drogas, essa é a que causa mais danos à saúde humana, que mais afeta a sociabilidade dos usuários e que mais tem preocupado o governo federal por seu alastramento em toda a sociedade.
Seu consumo cresceu vertiginosamente a partir dos anos 90, já que é uma droga barata, feita a partir do resíduo da pasta da coca que vem da Bolívia, Colômbia e Peru para o Brasil e aqui é transformada em cocaína para ser vendida para Europa e Estados Unidos.
Um estudo recente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que o usuário que entra no terrível mundo do crack, em geral acabou de passar por situações traumáticas, como perda do emprego ou problemas familiares. O uso da droga, no entanto, não resolve o problema da pessoa. Ao contrário, apenas o piora. O mesmo estudo indica que o consumo do crack acaba levando o usuário a se afastar de seu círculo familiar e de amizades, passando a maior parte do tempo sozinho ou apenas com pessoas com quem possa consumir a droga.
Muitas pessoas no Brasil conhecem alguma história de amigo, parente ou conhecido que chegou ao ponto de furtar até a própria família para conseguir sustentar seu vício. As consequências para a saúde são ainda mais nefastas, com risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral), atrofia cerebral e convulsões, além da indução à depressão, delírios, ataques de pânico e psicose.
Apesar de ser altamente gerador de dependência, é possível sair do crack. Para isso, é necessário que o usuário tenha vontade de se afastar e permanecer afastado da droga, tenha apoio da família e dos amigos e um bom sistema de apoio psicológico e médico.Esse apoio, atualmente, é feito por cerca de 3 mil unidades de recuperação no Brasil, que atendem mais de 60 mil jovens usuários de droga. A maior parte dessas instituições é privada, muitas vezes mantidas pelo esforço de associações beneficentes ou organizações religiosas.
No entanto, há um déficit na atenção a esse público no Brasil. Pesquisa realizada em 2005, pela Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad) do governo federal, apontava, naquela época, que havia cerca de 200 mil usuários de crack no Brasil. Além disso, algumas das instituições de atendimento a usuários de drogas, infelizmente, não tratam adequadamente seus pacientes, como evidenciou relatório do Conselho Federal de Psicologia (CFP) apresentado também na semana passada.
Para encarar todos esses problemas, a presidenta Dilma lançará, nesta semana que ora se inicia, um programa nacional de combate ao crack. Entre as ações, está o reforço do apoio financeiro a entidades da sociedade civil que realizam o árduo trabalho de retirar pessoas do crack, além do reforço da prevenção e do combate ao tráfico. Ao todo, serão investidos R$ 4 bilhões nessas ações até 2014.
Acredito que as Igrejas podem atuar de modo sistemático ajudando a aplicar o citado programa governamental, tendo em vista a grande capilaridade das organizações religiosas no Brasil e no Maranhão. E esse trabalho pode se estender a esses períodos especiais que viveremos, como a Copa do Mundo, quando receberemos 600 mil turistas estrangeiros, de todos os recantos do planeta, e quando mais de 3 milhões de brasileiros circularão pelo território nacional. Que todos vejam apenas os craques do futebol e da paz, e se mantenham longe do crack da violência e da morte.
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