domingo, 3 de outubro de 2010
Deu em O Globo: Em eventual segundo turno, aliança entre Dino e Lago ameaça favoritismo de Roseana Sarney
Por Evandro Éboli - Enviado especial
São Luís – Uma já anunciada aliança num eventual segundo turno entre seus opositores ameaça, a exemplo de 2006, a hegemonia, o destino e o poder da família Sarney no Maranhão. Próxima de vencer a eleição, com 47% das intenções de voto, Roseana Sarney (PMDB) corre o risco de ver seu favoritismo ir embora se precisar de outro embate, num segundo round. Será outra eleição. A campanha neste primeiro turno delimitou os espaços: de um lado, os Sarney e seus aliados; do outro, os demais concorrentes.
(Leia também: TSE mantém decisões de cassar o registro de Pizzolatti e liberar o de Roseana Sarney )
Dois candidatos da oposição – o deputado federal Flávio Dino (PCdoB) e o ex-governador Jackson Lago (PDT) – batiam na mesma tecla, que o “Maranhão não tem dono”, e pregavam o “fim da oligarquia que domina o estado há 50 anos”.
Dino e Lago já combinaram. Se houver segundo turno, estarão juntos. Uma união informal vai se dar na fiscalização da votação. As duas coligações terão fiscais em comum, com o objetivo de unir forças e denunciar possíveis abusos dos cabos eleitorais de Roseana.
- É uma estratégia para o interior, onde os riscos de fraude são maiores – disse Lago.
Roseana passou o tempo todo colada no apoio e imagem do presidente Lula e na candidata Dilma Rousseff. “O PT de Lula e Dilma está com Roseana”, dizia o programa. Mas nem todo o PT está com Roseana. Boa parte da militância petista aderiu a Dino.
Nas carreatas e caminhadas do comunista estavam presentes bandeiras do PT. O lado do partido que está com Dino diz que 80% dos 25 mil filiados no Maranhão aderiram ao deputado, e ignora a decisão da direção nacional de apoiar Roseana.
- O Lula foi constrangido pelo Sarney e apoia Roseana. Mas ela não vai ganhar. O Lula não é milagreiro – prega o deputado federal Domingos Dutra (PT-MA), que chegou a fazer greve de fome no Congresso contra a determinação da Executiva Nacional do PT de apoio a peemedebista, no início do ano.
Para garantir a eleição de Roseana no primeiro turno, o ex-presidente José Sarney fixou-se no Maranhão e nem apareceu no Amapá, onde tem seu domicílio eleitoral, nesta campanha. Mas não apareceu no programa eleitoral da filha na TV, não gravou depoimento, e Roseana nem utiliza o sobrenome.
Numa reunião fechada, na segunda-feira, com prefeitos e lideranças políticas do estado, Sarney pediu empenho para que Roseana seja reeleita hoje. No encontro, disse que errou ao escolher antigos aliados e que hoje são seus adversários.
- Fazem críticas ao nosso grupo como se nunca tivessem sido aliados – disse Sarney.
O senador reagiu, com ironia, às críticas de que sua família manda no estado há décadas.
- Manda sim. Mandei escolas, estradas, energia, água e muitos outros benefícios para o povo do meu estado.
Candidato ao Senado na chapa de Roseana, o ex-ministro das Minas e Energia Edison Lobão (PMDB) foi na mesma linha.
- Dizem que estamos no poder há 40 anos e não fizemos nada. Nós estamos, de certo modo, no poder há 40 anos e, por isso, fizemos tudo que o Maranhão tem. O que existe hoje foi nós que trouxemos – disse Lobão, ao lado de Roseana, num discurso para cabos eleitorais.
Por ser de um partido aliado do governo Lula, Dino também buscou tirar proveito dessa proximidade. Alguns ministros do governo gravaram depoimento para Dino, que se apresentou, como a “renovação” (no Maranhão), mas com “continuidade” (das políticas de Lula). Foi o candidato que mais cresceu nas pesquisas.
(Blog do Garrone)
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