domingo, 5 de setembro de 2010

AS PESQUISAS ELEITORAIS SÃO SEMPRE MANIPULADAS

José Lemos*



As “pesquisas” de opinião pública viraram pragas em períodos pré-eleitorais no Brasil. Diferentemente do que acontece nos países desenvolvidos, e com democracias consolidadas, onde seguem base cientifica, são fiscalizadas rigorosamente pela sociedade, as pesquisas no Brasil decidem tudo, inclusive a própria eleição.



Nesses Países de democracias consolidadas, os candidatos emergem de convenções partidárias, onde tem que mostrar capacidade administrativa, habilidades para gerir a coisa pública, passado limpo, integridade de caráter, padrão educacional que lhe possibilite entender a história e a cultura do seu Pais. Tendo emergido sob essas condições os candidatos serão submetidos à aprovação popular, sempre defendendo políticas que viabilizem o bem-estar social dos seus patrícios. As coligações, por sua vez, consolidam-se em fundamentos ideológicos e doutrinários. No Brasil as coligações se constroem para se conseguir mais espaço na “propaganda gratuita”, instituição que inexiste em locais mais civilizados, e para fazer a partilha da botija do poder.



Fossem seguir “ensinamentos” tupiniquins, os americanos jamais teriam feito de Barack Obama Presidente do seu País. Saído das bases partidárias, ousou e conseguiu desafiar medalhões do seu partido e elegeu-se Presidente da Nação mais rica do mundo.



No Brasil, um figurão retira da cartola o seu ou a sua candidata de conveniência, impõe ao seu partido e passa a negociar (literalmente) uma coligação envolvendo verdadeiro “balaio de gatos” partidário. Nada é tratado acerca de encaminhamentos de políticas de avanços na infraestrutura produtiva, de um projeto para atingir metas de escolaridade média, de inclusão em saneamento, de redução das desigualdades inter regionais, de redução, de fato, da pobreza e exclusão social a partir do trabalho digno.



Os discursos dos candidatos a cargos executivos são norteados pelo que sugerem as tais “pesquisas”. Tudo é encaminhado seguindo o que sugerem os resultados das “pesquisas” de opinião pública. Assim mesmo, entre “aspas” porque nada lembram o método cientifico que nós pesquisadores utilizamos no nosso cotidiano. Pode-se chamar isso de qualquer coisa, jamais de Pesquisa.



Pesquisar é ato sério e nobre que requer competência acadêmica, treinamento no tema em que o pesquisador quer fazer descobertas, ou encontrar explicações de fenômenos sistemáticos. Isso é feito com denodo, paciência, e após longos períodos de exaustivos trabalhos de campo e de laboratório, e outros igualmente exaustivos de análises estatísticas elaboradas. Findos esses períodos de reflexão e com todo o cuidado, encontram resultados que são encaminhados para que a sociedade se beneficie. O refinado treinamento em Ciências Estatísticas é fundamental e requerido em todo o processo, desde o delineamento experimental, até o tratamento das informações.



E as “pesquisas” de período pré-eleitoral, como são feitas? Primeiro, deve-se lembrar que essas “pesquisas” são realizadas por institutos que têm proprietários. Empresas que buscam lucro com este trabalho. Os donos têm seus candidatos e interesses com o resultado do pleito. Dele podem ter bons negócios no futuro. No geral, esta é a regra, não a exceção. Quando um partido “encomenda” uma pesquisa, o dono do Instituto tudo fará para manter o “cliente” cativo. Esta é a relação que prevalece neste promissor negócio. Para vender o “produto” (assim são tratados os candidatos) deverá “mostrar serviço” para não desagradar o “cliente” e perdê-lo para o concorrente.



Ai entra a parte “cientifica” da “pesquisa” pré-eleitoral. Como é impossível “pesquisar” no universo dos eleitores, desenham-se as “amostras” com aquelas tais margens de erro “para cima ou para baixo”, necessárias para proporcionar o tom de cientificidade que o trabalho não tem, mas que precisa aparentar possuir.



Como a “pesquisa” foi encomendada, o que faz o instituto? Retira as “amostras” de onde os “clientes” têm maior popularidade. Assim, sem manipular os resultados da “pesquisa de campo”, a base de dados já está devidamente contaminada para dar o resultado que convém. Daí para frente é só colocá-lo na boca desses apresentadores de telejornais que, com a vós empostada e com expressão sisuda (para prover o tom de seriedade necessária para dar credibilidade) anunciarem o resultado. Tudo, claro, ilustrado com “gráficos de tendências”, para prover “cientificidade” ao trabalho.



Com os resultados das “pesquisas” massificados na mídia, destroem-se ou turbinam-se candidaturas. Num País em que as pessoas não gostam de “perder o voto”, fica o cenário pronto para a empulhação e o engodo das “pesquisas eleitorais”. A eleição é decidida previamente e os vitoriosos passam a engalfinharem-se, nos bastidores, pelos cargos onde os cofres estiverem mais abarrotados pelo nosso suado dinheiro. E viva a democracia no País campeão mundial em esperteza!

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