Ruínas se espalham pelo Maranhão
Por José Reinaldo Tavares
Millôr Fernandes cunhou frases geniais e uma se destaca nesse momento que atravessamos: “Grande erro da natureza é a incompetência não doer”. Se doesse, como ficaria a governadora após seu catastrófico governo? Certamente teria que tomar toneladas de analgésicos e antidepressivos todos os dias.
Jorge Gerdau, empresário que tem como bandeira pessoal melhorar a eficiência dos serviços públicos disponibilizados à população pelo governo – ele próprio conhecedor profundo de um lado desse problema, como dono de um conglomerado de empresas e responsável por tratar com a burocracia e a ineficiência governamental todos os dias – conclamou a população brasileira a ir para as ruas protestar por melhores serviços públicos. Imaginem se vivesse no Maranhão? Imaginem se acompanhasse um cidadão maranhense, que, como a enorme maioria da população do estado, necessita recorrer aos serviços públicos, o que não proporia Gerdau?
Se acompanhasse uma dona de casa, que certamente são as que enfrentam por necessidade das suas famílias, maridos, filhos e pais a carga mais pesada e a crueza e a ineficiência dos serviços de saúde, de educação, incluindo as burocracias que inventa que carteiras de identidade com mais de dez anos precisam ser trocadas, um disparate que deve enriquecer alguns, a dificuldade de tentar obter uma simples cópia de uma certidão de nascimento, o transporte caótico, agressivo, que não respeita mulheres e idosos, enfim, um imenso e triste calvário diário que com a incompetência e o descaso do governo submetem toda a população já acuada pela insegurança que domina as ruas, o que diria esse cidadão que certamente nunca passou por isso? E o drama da água que não chega às casas, a poluição causada pelos esgotos que muitas vezes correm nas ruas?
Roseana, representante maior do grupo que tem o nome de seu pai, depois de estar no governo por quase quatorze anos e causadora maior desse caos e que fez nesses últimos seis anos indubitavelmente o pior governo da história do estado, pelo menos poderia colocar no currículo o mérito – muito grande certamente – de abreviar o fim da oligarquia e de ter causado a implosão que deu fim a um passado que nos legou apenas miséria, sofrimento e desalento.
Roseana, com seu ego exacerbado na verdade, já de muito tempo, vem dando grande contribuição para acabar com o grupo político liderado por seu pai. Insegura, mas sentindo-se poderosa pela cobertura e proteção que recebia do pai, não conseguia conviver bem com pessoas com maior conhecimento, com mais preparo e experiência do que ela. Com receio, movia contra essas pessoas uma guerra surda, visando eliminá-los do grupo, para que ela pudesse reinar sem contestação, já que o pai fazia todas as suas vontades. Agora, desiludida e pressentindo o final inevitável, implode tudo e deixa perdidos os membros do clã, que, acostumados a viver na sombra protetora do poder, se sentem tontos com a nova realidade.
A oposição assiste a tudo de longe, extremamente preocupada com as condições em que Roseana deixará o governo, principalmente com as finanças. Será uma terra arrasada? Hoje tem a Lei de Responsabilidade Fiscal, que é muito exigente com governantes no último ano de mandato. Roseana deveria ter cuidado com isso, pois pode ter que enfrentar problemas, se não controlar o que resta do seu governo. Os servidores de carreira das secretárias deviam impedir que a irresponsabilidade e a afronta à lei possam lhes causar dificuldades no futuro. Esses servidores profissionais que não tem nada com isso podem no fim virar ‘bodes expiatórios’ e ter que responder pela irresponsabilidade de outros, os chefes fortuitos. Reajam, não façam nada irresponsável e nem atendam ordens absurdas.
É sintomático, e evidência maior do descontrole no grupo está no que disse Edinho Lobão, chamando a atenção de todos de que não é um Sarney e que sua família é uma família tradicional no estado. Soa até como uma humilhação, pois como dizer que não fazem parte do grupo comandado até hoje por José Sarney? Um homem orgulhoso como ele realmente não se incomoda mais com a tremenda descortesia? Difícil de acreditar.
O que era um grupo extremamente poderoso virou um balaio de gatos sem controle, sem comando e sem respeito. E o pior: sem recuperação e sem nenhuma expectativa de poder.
Viva, Roseana! Acabou com o grupo e nesse caso foi muito competente… Digamos que assim redimiu-se um pouco politicamente, pois pelo menos fez alguma coisa boa pelo Maranhão.
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